Afazeres levaram-me lá perto, aproveitando para a visitar de novo. É com um sorriso e um brilho nos olhos que sempre me abre a porta de casa, partilhando comigo todo o saber de uma vida. Como faz calor abre a portada da sala permitindo-me avistar a relva de um verde que me revitaliza. Sobre a mesinha em frente ao sofá poisa um exemplar do Rio das Flores, que o filho lhe ofereceu, quando lá passou o mês de Agosto com a família. Apesar de calhamaço já pouco lhe falta para chegar ao fim, e assegura-me não ter dificuldades de visão na leitura. Pergunta-me se de momento também estou a ler. Respondo-lhe afirmativamente, e que por acaso até é um livro sobre astros que tanto me fascinam, confidenciando-lhe ter aprendido que em tempos a Terra terá rodado muito mais depressa que agora, durando os dias apenas uma dezena de horas. Sorri, e com um humor deveras perspicaz responde-me que naturalmente a idade avançada do nosso planeta também já não lhe possibilita as mesmas correrias!
Conta-me ainda que durante todo o Verão foi muito mimada pela nora que lhe executou as tarefas domésticas, sem a deixar mexer uma palha. Mas a Tininha é uma fonte inesgotável de energia, com uma capacidade inata de realizar múltiplas e mais variadas lidas. Pintar é absolutamente vital para ela, quando através de uma sensibilidade libertadora se supera a si mesma. Os seus quadros e o seu talento transmitem-nos toda a sua realidade imaginativa. Antes de partir ainda há tempo para me mostrar duas fotografias do casamento do sobrinho Hugo a que assistiu faz quinze dias, e da ementa do copo de água que me desperta o apetite. O mundo que a envolve é sem dúvida um desafio às minhas capacidades sensoriais, e de cada vez que a revisito, renovo-me e reinvento-me, olhando o que ela me aponta, muito para lá do horizonte.
Conta-me ainda que durante todo o Verão foi muito mimada pela nora que lhe executou as tarefas domésticas, sem a deixar mexer uma palha. Mas a Tininha é uma fonte inesgotável de energia, com uma capacidade inata de realizar múltiplas e mais variadas lidas. Pintar é absolutamente vital para ela, quando através de uma sensibilidade libertadora se supera a si mesma. Os seus quadros e o seu talento transmitem-nos toda a sua realidade imaginativa. Antes de partir ainda há tempo para me mostrar duas fotografias do casamento do sobrinho Hugo a que assistiu faz quinze dias, e da ementa do copo de água que me desperta o apetite. O mundo que a envolve é sem dúvida um desafio às minhas capacidades sensoriais, e de cada vez que a revisito, renovo-me e reinvento-me, olhando o que ela me aponta, muito para lá do horizonte.