E porque o dia é dedicado aos direitos humanos, estive esta manhã, no auditório da Escola Dr. Francisco Cabrita, com duas turmas do 5º e 6º ano, para ouvir falar da nossa existência, em liberdade! Numa incursão pela poesia, ali estive como viajante, assistindo ao desenrolar dramático das várias formas de amar, pela voz de Paulo Moreira. Que logo nos desperta através de António Gedeão, no seu Poema do Amor. «O poema que o poeta propositadamente escreveu,/só para falar de amor,/ de amor,/ de amor». Profusamente surpreendente, a poesia volta a reerguer-se no palco numa brincadeira de opostos, pelas palavras de Luís de Camões. «Amor é fogo que arde sem se ver;/ É ferida que dói e não se sente;/ É um contentamento descontente;/ É dor que desatina sem doer.» Sonoro e melódico, eis que surge António Ramos Rosa, que mais não pode adiar o amor, pela acústica de Viviane, dos Entre Aspas. «Ainda que a noite pese séculos sobre as costas/ E a aurora indecisa demore/ Não posso adiar para outro século a minha vida/Nem o meu amor/». Até que, adormecida nas profundezas, do mais fundo da alma, o brilho de Florbela Espanca se dilui no ar. «Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens!/ Morder como quem beija!/ É ser mendigo e dar como quem seja/ Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!». Para logo a seguir sermos conduzidos à clareza de Sophia de Mello Breyner Andresen. «As pessoas sensíveis não são capazes/ De matar galinhas/ Porém são capazes/ De comer galinhas». Seguidamente descobrimos Fernando Pessoa, o poeta dos poetas, pela mão de Alberto Caeiro, num momento electrizante, que numa visão pessoal nos indica que o menino Deus é o universo, e se encontra dentro de nós. «Ele dorme dentro da minha alma/ E às vezes acorda de noite/ E brinca com os meus sonhos./ Vira uns de pernas para o ar,/ Põe uns em cima dos outros/ E bate palmas sozinho/ Sorrindo para o meu sono.»
E, com o aproximar do Natal, o trajecto termina como começou, ou seja com António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho. «É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem,/ de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,/ de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,/ de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.» Proponho que meditemos.
E, com o aproximar do Natal, o trajecto termina como começou, ou seja com António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho. «É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem,/ de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,/ de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,/ de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.» Proponho que meditemos.