Sem discurso directo e sem parágrafos, ele autonomiza-se, imiscuindo-se na história de ficção, onde a própria verdade dos factos é questionada, ao mesmo tempo que sustenta toda a responsabilidade. Ele é José Saramago, que através do seu livro «História do Cerco de Lisboa» nos surge numa análise mais elevada pelo olhar da professora Drª. Ana Soares da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais do Algarve, na 2ª sessão do ciclo de leituras, organizada pela Biblioteca Municipal Lídia Jorge. Colocando a sua genialidade ao serviço de uma terceira pessoa, o autor reconta-nos um encadeamento paralelo de situações, onde as personagens representam um pouco de todos nós, adoptando ele próprio a fusão de funções e atitudes, através da figura dum revisor de textos que, posteriormente, passa a escritor, e cujos discursos acabam por se confundir. Um encontro que serviu de reflexão para melhor entendermos o que assumidamente levou Saramago a desconstruir a história através da liberdade criativa que marca a sua identidade literária.