Wednesday, November 5, 2008

A dimensão do olhar

Logo a abrir, apareces-me pousada sobre o Tejo como uma cidade de navegar. Não me admiro: sempre que me sinto em alturas de abranger o mundo, no pico dum miradouro ou sentado numa nuvem, vejo-te em cidade-nave, barca com ruas e jardins por dentro, e até a brisa que corre me sabe a sal.
Há ondas de mar aberto desenhadas nas tuas calçadas: há âncoras, há sereias. (…)
Em frente é o rio que corre para os meridianos do paraíso. O tal Tejo de que falam os cronistas enlouquecidos, povoando-os de tritões a cavalo de golfinhos.

José Cardoso Pires