Espaço a percorrer pelos ilimitados desejos no exercício livre do pensamento
Não contei, mas ao todo deviam andar à volta duns 40, a rondar os 10, ou 11 anos de idade. Sensível à sonoridade das palavras, sorvia-as de cada uma daquelas crianças, uma a uma até final. Os primeiros a apresentar-se foram o Fábio e a Francesca, que leram parte de um conto por eles escrito o ano passado. Seguiram-se-lhes o Gonçalo, a Laura, o Tomás e tantos outros. Num momento em que por vezes, a língua tende a descaracterizar-se, de uma forma ordenada e exemplar, cada um através de pequenos textos ou poemas, veio dar corpo à própria imaginação, num exercício criativo absolutamente de louvar. No dia escolar das bibliotecas, estão de parabéns o professor Joaquim Veiga, e as professoras de Língua Portuguesa Marta Cirne e Isabel Pina, da Escola Dr. Francisco Cabrita, que contribuíram para o êxito desta iniciativa, da qual adorei participar. Termino com o registo do pequeno Raphael, que não deixou ninguém indiferente:Vejo uma sombra que trespassa nos meus olhos e ao passarsinto dor e mágoa dentro de mim.Essa dor lembra-me o sofrimentoa mágoa faz-me lembrar quandouma pessoa que gostamos muito desaparece.Ao lembrar-me dessas coisas, vouescrevendo palavra a palavra oque sinto quando isso me acontece.Mas, se um dia me lembrar deoutras coisas, possa ser que voltea escrever, mas desta veza pensar nas coisas que me fazemescrever com a minha sombra.