A lenda conta que para se encontrar amorosamente com Marte, Vénus terá utilizado o estratagema de servir a seu marido Vulcano um sublime caldo encorpado, (que muito mais tarde terá dado origem à bouillabaisse), com o intuito de o adormecer. Da Grécia antiga para a região mediterrânica, mais propriamente para a cidade portuária de Marseille foi um pulinho. Inicialmente preparada pelos pescadores, na praia, sobre fogueiras de lenha, trata-se de uma combinação de diferentes peixes brancos, ervas aromáticas, e especiarias, como pimenta do reino, noz moscada, açafrão e casca de laranja seca, enriquecida de lagostins, camarões, anéis de lulas, pequenos caranguejos, e lagosta, quando a bolsa assim o permite. Este típico prato da culinária francesa designado por alguns por sopa de ouro traduz-se por bouillir (ferver) e abaisser (reduzir), e é servido em tigelas fundas, sobre fatias torradas de pão duro da véspera, temperadas com um fio de azeite virgem. Claro que haverá mil e uma formas de combinar todos estes elementos, e certamente de os saborear, mas o que torna uma das mais famosas sopas do mundo tão especial, é exactamente a história que a envolve por trás da receita, além da autenticidade dos seus ingredientes, que lhe dão a cor e o aroma inconfundíveis.