Tuesday, August 20, 2013

O silêncio rumorejante

 Durante o sono retiraram-me uma costela
 Ficou-me no peito um vazio que não consigo preencher
 Custa-me a respirar
 Eu quero de volta a minha costela
 quero de volta todas as costelas
 Quero de volta o paraíso
 quero de volta o silêncio rumorejante
 quero de volta as poluções nocturnas
 e diurnas
 Quero uma mulher
 feita de chuva
 e vento
 e fogo
 e neve
 e luz
 e breu
 e não de argila
 como eu


Jorge Sousa Braga in O Novíssimo Testamento e outros poemas