Foram vinte e duas as canções (tantas quantos os anos que passaram desde a sua morte), e alguns poemas, em que uma vez mais deu o melhor de si próprio. Refiro-me é claro a Afonso Dias, que nos falou ao coração, elevando a música ao seu lado mais emocional. Tendo privado de perto com o homenageado, numa jornada de luta, tudo se terá também tornado mais fácil, porque tal como nos transmitiu, ele – Zeca Afonso, era um cidadão íntegro, com um currículo inesgotável, de enorme vitalidade mental, e grande preocupação social, além de melodista fascinante, dotado de uma voz celestial! Influente como nenhum outro, ter-se-á inspirado na música tradicional portuguesa, e nos quentes ritmos africanos para alimentar uma construção musical única, a par de uma poesia densa, rica e por vezes até surrealista. «Cantares de Andarilho», e «Cantigas de Maio», além de outras baladas interpretadas de forma tão emotiva, sem dúvida que nos proporcionaram momentos empolgantes que se continuarão a reflectir pelo tempo fora.
Não me obriguem a vir para a rua gritar. Que é já tempo d’embalar a trouxa e zarpar.
Zeca Afonso
Não me obriguem a vir para a rua gritar. Que é já tempo d’embalar a trouxa e zarpar.
Zeca Afonso