Tudo começa quando oiço chamar pelo meu nome. Do lado de lá do muro, mãos estendidas fazem-me chegar um cesto de figos frescos, sedutoramente carnudos e sumarentos sobre folhas recortadas. «Acabados de colher», dizem-me. Agradeço, e penso que se ao menos ela já cá estivesse, teria com quem os repartir, ao mesmo tempo que, transportada pelo sonho a sua presença quase ganha visibilidade num encontro tão enigmático quanto fugaz. Mas, ainda falta um mês e meio para que ela chegue, quando um a um, vagarosamente me delicio com toda a sua doçura.