Registei-as há dias, em Évora, mas poderia ter sido em qualquer outro lugar. Cruzei-me com elas à beira da estrada, alinhadas nas ruas, acumuladas em tudo o que é sitio desde que chegou a primavera, como se tomassem conta de mim. Delas me abeiro e, ao contemplá-las, deixo-me preencher por pinceladas de cor. Suspensas por cima de mim, ganho a ampla visão do céu a perder de vista sem princípio nem fim. Impossível tocar-lhe. Acariciada pela sombra, pisando um manto de flores, apenas saúdo o violeta-claro dos jacarandás em diálogo com a transcendência.