Thursday, April 24, 2014

A morrer devagar




Meu amor, meu amor,
meu corpo em movimento,
minha voz à procura
do seu próprio lamento
Meu limão de amargura,
meu punhal a crescer,
nós parámos o tempo,
não sabemos morrer
E nascemos, nascemos
do nosso entristecer
Meu amor, meu amor,
meu pássaro cinzento
a chorar a lonjura
do nosso afastamento
Meu amor, meu amor,
meu nó e sofrimento,
minha mó de ternura,
minha nau de tormento
Este mar não tem cura,
este céu não tem ar,
nós parámos o vento,
não sabemos nadar
E morremos, morremos
devagar, devagar
fado de Amália Rodrigues do álbum Com que voz de 1968
letra de: José Carlos Ary dos Santos
música: Alain Oulman