Convoco a memória do espaço da
infância
para com ela entender o esquivo
sofrimento
se em finitude me leva à inquieta
beira
a prosseguir temendo à revelia do
tempo
Não são os segredos mas o sinal sem
norte
transportando consigo transbordante e
breve
o desacerto que a vertigem liga ao
abandono
seduzindo-me menina entregue à sua
sorte
Foge o encanto e ainda mais amargo
na maçã o veneno dói e reclina
em desmesura unindo a fera e o afago
Desamado afecto na turvação que
ensina
ao punhal, a empurrar a ponta do
cuidado
cruel e indiferente à própria estima
Maria Teresa Horta in Inquietude -
Vila Nova de Famalicão - Edições Quasi, 2006