Tuesday, May 31, 2016

O olhar

A beleza é um oceano
onde o olhar se perde
e regressa
transfigurado



Alberto de Lacerda

Sunday, May 29, 2016

Saturday, May 28, 2016

Thursday, May 26, 2016

Wednesday, May 25, 2016

As coisas

"As coisas só existem quando há poetas por perto."

Agustina Bessa-Luís in Breviário do Brasil 

Tuesday, May 24, 2016

A resposta no vento que sopra

«Sim, quantas vezes deve um homem olhar pra cima
Antes de conseguir ver o céu?
Sim, e quantos ouvidos deve um homem ter
até conseguir ouvir quem chora?
Sim, e quantas mortes serão necessárias até ele saber
Que demasiada gente morreu?
A resposta, meu amigo, está no vento que sopra

A resposta está no vento que sopra»

Monday, May 23, 2016

Banhistas


Saturday, May 21, 2016

Os Blues em alta





Friday, May 20, 2016

Convite a banhos


Thursday, May 19, 2016

Tuesday, May 17, 2016

O teu vulto


Dei-te a solidão do dia inteiro....
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Monday, May 16, 2016

Como se fosse possível aos homens desdobrarem-se

O que era vida irreal, é agora realidade,
o que era vergonha, ninharia e ridículo, é vida agora.
O que toma pé são os sonhos,
o que se agita são as paixões desregradas.
Não há limites nem peias.
Vêem-nos como eu te vejo a ti.
Tenho diante de mim este espectáculo,
como se fosse possível aos homens desdobrarem-se
e tomarem corpo, ideias e paixões.
Eles são aquilo que ocultamente desejavam ser,
são o que não se atreviam a ser.
Sob um mundo de verdade há outro mundo de verdade.
É esse mundo invisível e profundo
que passa a ser o inundo visível.
É esse.
Todo o homem é uma série de fantasmas
e passa a vida a arredá-los.
Chegou a vez dos fantasmas.
As nossas ideias e paixões
é que formam as figuras que actuam na vida.

Raul Brandão in Húmus a outra coisa, fragmento

Saturday, May 14, 2016

Um homem

Em qualquer parte um homem
discretamente morre.
Ergueu uma flor.
Levantou uma cidade.
Enquanto o sol perdura
ou uma nuvem passa
surge uma nova imagem.
Em qualquer parte um homem
abre o seu punho e ri.


António Ramos Rosa in O Grito Claro

Friday, May 13, 2016

Os campos de Maio


Thursday, May 12, 2016

Os anos dourados



Wednesday, May 11, 2016

Linguagem física


Tuesday, May 10, 2016

Os meus olhos nos teus


Tão abstrata é a idéia do teu ser...
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.

E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo


Fernando Pessoa in Análise

Monday, May 9, 2016

Mar de Maio




Sunday, May 8, 2016

Wednesday, May 4, 2016

O mundo é húmido


As barcas gritam sobre as águas.
Eu respiro nas quilhas.
Atravesso o amor, respirando.
Como se o pensamento se rompesse com as estrelas
brutas. Encosto a cara às barcas doces.
Barcas maciças que gemem
com as pontas da água.
Encosto-me à dureza geral.
Ao sofrimento, à ideia geral das barcas.
Encosto a cara para atravessar o amor.
Faço tudo como quem desejasse cantar,
colocado nas palavras.
Respirando o casco das palavras.
Sua esteira embatente.
Com a cara para o ar nas gotas, nas estrelas.
Colocado no ranger doloroso dos remos,
Dos lemes das palavras.

É o chamado rio tejo
pelo amor dentro.
Vejo as pontes escorrendo.
Ouço os sinos da treva.
As cordas esticadas dos peixes que violinam a água.
É nas barcas que se atravessa o mundo.
As barcas batem, gritam.
Minha vida atravessa a cegueira,
chega a qualquer lado.
Barca alta, noite demente, amor ao meio.
Amor absolutamente ao meio.
Eu respiro nas quilhas. É forte
o cheiro do rio tejo.

Como se as barcas trespassassem campos,
a ruminação das flores cegas.
Se o tejo fosse urtigas.
Vacas dormindo.
Poças loucas.
Como se o tejo fosse o ar.
Como se o tejo fosse o interior da terra.
O interior da existência de um homem.
Tejo quente. Tejo muito frio.
Com a cara encostada à água amarela das flores.
Aos seixos na manhã.
Respirando. Atravessando o amor.
Com a cara no sofrimento.
Com vontade de cantar na ordem da noite.

Se me cai a mão, o pé.
A atenção na água.
Penso: o mundo é húmido. Não sei
o que quer dizer.
Atravessar o amor do tejo é qualquer coisa
como não saber nada.
É ser puro, existir ao cimo.
Atravessar tudo na noite despenhada.
Na despenhada palavra atravessar a estrutura da água,
da carne.
Como para cantar nas barcas.
Morrer, reviver nas barcas.

As pontes não são o rio.
As casas existem nas margens coalhadas.
Agora eu penso na solidão do amor.
Penso que é o ar, as vozes quase inexistentes no ar,
o que acompanha o amor.
Acompanha o amor algum peixe subtil.


Herberto Helder in Poemacto

Tuesday, May 3, 2016

Flores de Maio


Monday, May 2, 2016

Revivendo os anos 60


Sunday, May 1, 2016