Há dias surpreendi-me com um catálogo, que por mero acaso me terá chegado às mãos. À primeira vista, as imagens apresentadas sugeriram-me que apesar de tudo já ter começado, nunca mais irá terminar. Ali, maquettes e projectos ganham corpos próprios, abertos sobre o infinito da paisagem, dilatando-se no tempo e no espaço. Ultrapassando a crise, e a inactividade de alguns, a originalidade, e o carácter inovador anunciam-nos verdadeiras obras, de escala ousada e cuja volumetria nos transcende. A modernidade conjugada com um estilo vanguardista animar-nos-á a retoma, através dum Museu do Turismo de única e arrojada forma, dum grande Auditório a lembrar movimentos ondulatórios, e ainda dum Pólo de Tecnologias, a integrar num Parque! A aposta porém não fica por aqui, e a páginas tantas fico a saber que até o arquitecto portuense Siza Vieira, que ainda esta semana foi galardoado com o mais importante prémio do Reino Unido, vai também assinar o seu projecto no Museu do Barrocal! Por mais irónico que pareça não ficamos por aqui. As especificidades que irão passar a estruturar-nos estão lá todas, folha a folha, entre o desejo e o imaginário dum lado, e do outro o betão que nem a crise conseguiu desanimar. Aqui, o futuro prevê-se dinâmico, e enquanto aguardo pelo resultado final, incido o olhar na violência visual da grua gigante, que nos domina a cidade, e me faz estremecer.