Monday, December 31, 2012

Na limpidez da noite







Uma viagem à Montanha de Pedra repleta de pormenores inesperados e mais de 2 milhões de luzes, não só causa emoção, como produz um efeito surpresa que, culmina no imaginário de qualquer um.

Sunday, December 30, 2012

Mundo de magia







Nesta quadra festiva, os brinquedos adquirem vida, ganhando intensidade através do Quebra-Nozes, quando as personagens vivem aventuras fantásticas, entre a realidade e um mundo de sonhos, característico das crianças com a incontornável música de Tchaikovsky como fundo.

Monday, December 3, 2012

Até logo


Saturday, December 1, 2012

A arte do gesto


Friday, November 30, 2012

Noção do momento


O Natal sobressai-lhes a curiosidade do olhar. Só as crianças lhe conhecem a magia e o segredo entre recordações e o presente. Mas, o mínimo que dele podemos esperar é a contenção de despesas valendo-nos da redução do desperdício, e reutilização de objectos e materiais decorativos de outros anos. Reconhecer-lhe a dimensão aprendendo a dar outro sentido às nossas vidas, torna-se uma realidade à qual não conseguimos escapar. Quando o dinheiro falta, apenas nos resta um pouco de esperança.

Thursday, November 29, 2012

Que nome é o teu?


Tu, meu amor, que nome é o teu? Dize onde vives, dize onde moras, dize se vives ou se já nasceste.

Almada Negreiros in Frisos - Revista Orpheu nº1

Wednesday, November 28, 2012

Relação afectiva


Ninguém o questiona. Ele é talvez uma das nossas primeiras referências, do qual julgamos depender. Intenso e dramático, começa por se tornar nosso confidente, escondendo segredos, e amenizando alguns momentos ora de maior tensão, ora de incontroláveis temores de infância. Com um ursinho não há definitivamente ausência, há apenas a alegria da presença.

Tuesday, November 27, 2012

Enfeites e contornos


Não falta nunca um toque de brilho. Valoriza qualquer projecto de Natal mais arrojado que incorpore estrelas, bolas, velas, grinaldas, fitas acetinadas ou cristais, ou outros elementos decorativos que atraem as massas e nos nutrem ilusões. Mas, se nos centrarmos em reformular a verdadeira dimensão do Natal, esta prende-se, sem dúvidas, em humanizá-lo. 

Monday, November 26, 2012

Uma noite azul


Há sempre uma noite terrível para quem se despede
do esquecimento. Para quem sai,
ainda louco de sono, do meio
de silêncio. Uma noite
ingénua para quem canta.
Deslocada e abandonada noite onde o fogo se instalou
que varre as pedras da cabeça.
Que mexe na língua a cinza desprendida.

E alguém me pede: canta.
Alguém diz, tocando-me com seu livre delírio:
canta até te mudares em azul,
ou estrela electrocutada, ou em homem
nocturno. Eu penso
também que cantaria para além das portas até
raízes de chuva onde peixes
cor de vinho se alimentam
de raios, raios límpidos.
Até à manhã orçando
pendúnculos e gotas ou teias que balançam
contra o hálito.
Até à noite que retumba sobre as pedreiras.
Canta - dizem em mim - até ficares
como um dia órfão contornado
por todos os estremecimentos.
E eu cantarei transformando-me em campo
de cinzas transformada.
Em dedicatória sangrenta
Há em cada instante uma noite sacrificada
ao pavor e à alegria.
Embatente com suas morosas trevas.
Desde o princípio, uma onda que se abre
no corpo, degraus e degraus de uma onda.
E alaga as mãos que brilham e brilham.
Digo que amaria o interior da minha canção,
seus tubos de som quente e soturno.
Há uma roda de dedos quentes no ar.
A língua flamejante.
Noite, uma inextingível
inexprimível
noite. Uma noite máxima pelo pensamento.
Pela voz entre as águas tão verdes no sono.
Antiguidade que se transfigura, ladeada
por gestos ocupados no lume.

Pedem tanto a quem ama: pedem
o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.
Dizem: dá-nos a tua canção que sai da sombra fria.
E eles querem dizer: tu darás a tua existência
ardida, a pura mortalidade.
Às mulheres amadas darei as pedras voantes,
uma a uma, os pára-
-raios altíssimos da voz.
As raízes afogadas no nascimento. Darei o sono
onde um corpo fala
fusiforme
batido pelos dedos. Pedem tudo aquilo que respiro.
Dá-nos a tua ardente e sombria transformação.
E eu darei cada uma das minhas semanas transparentes,
lentamente uma sobre a outra.
Quando se esclarecem as portas que rodam
para o lugar da noite. Noite
de uma voz
humana. De uma acumulação
atrasada e sufocante.
Há sempre uma ilusão abismada
numa noite, numa vida. Uma ilusão sobre o sono debaixo
do cruzamento do fogo.
Prodígio para as vozes de uma vida repentina.

E se aquele que ama dorme, as mulheres que ele ama
sentam-se e dizem:
ama-nos. E ele ama-as.
Desaperta uma veia, começa a delirar, vê
dentro de água os grandes pássaros e o céu habitado
pela vida quimérica das pedras.
Vê que os jasmins gritam nos galhos das chamas.
Ele arranca os dedos armados pelo fogo
e oferece-os à noite fabulosa.
Ilumina de tantos dedos
a cândida variedade das mulheres amadas.
E se ele acorda, então dizem-lhe
que durma e sonhe.
E ele morre e passa de um dia para outro.
Inspira os dias, leva os dias
para o meio da eternidade, e Deus ajuda
a amarga beleza desses dias.
Até que Deus é destruído pelo extremo exercício
da beleza.
Porque não haverá paz para aquele que ama.
Seu ofício é invadir povoações, roubar
e matar,
e alegrar o mundo, e aterrorizar,
e queimar os lugares reticentes deste mundo.
Deve apagar todas as luzes da terra e, no meio
da noite aparecente,
votar a vida à interna fonte dos povos.
Deve instaurar o corpo e subi-lo,
lanço a lanço,
cantando leve e profundo.
Com as feridas.
Com todas as flores hipnotizadas.
Deve ser aéreo e implacável.

Sobre o sono envolvido pelas gotas
abaladas, no meio de espinhos, arrastando as primitivas
pedras. Sobre o interior
da respiração com sua massa
de apagadas estrelas. Noite alargada
e terrível terrível noite para uma voz
se libertar. Para uma voz dura,
uma voz somente. Uma vida expansiva e refluída.
Se pedem: canta, ele deve transformar-se no som.
E se as mulheres colocam os dedos sobre
a sua boca e dizem que seja como um violino penetrante
ele não deve ser como o maior violino.
Ele deve ser o único único violino
Porque nele começará a música dos violinos gerais
E acabará a inovação cantada.
Porque aquele que ama nasce e morre.
Vive nele o fim espalhado da terra.


Herberto Helder, Lugar (poema II) - in POESIA TODA - ASSÍRIO&ALVIM - NOVEMBRO 1981

Sunday, November 25, 2012

Tacto e subtileza


Saturday, November 24, 2012

A inversão


Está aí não tarda. Num mundo liderado por princípios económicos que movem as sociedades, por trás da aparência das coisas, o convívio próximo com a realidade dos dias obriga-nos, este ano, a uma história diferente. Empenhados em desfazer modelos, redefinir pontos de vista, recuperar técnicas, ou simplesmente reflectir sobre o mundo actual, a crise que nos percorre as veias, condiciona-nos na luta pela subsistência, e desperta-nos o desejo de reinterpretar. Resistir a um consumo desenfreado, na época que se aproxima, é não só um desafio, mas uma decisão ponderada a reescrever este Natal.

Friday, November 23, 2012

Lá ao fundo das coisas


Do outro lado de mim, lá para trás de onde jazo, o silêncio da casa toca no infinito. Oiço cair o tempo, gota a gota, e nenhuma gota que cai se ouve cair. Oprime-me fisicamente o coração físico a memória, reduzida a nada, de tudo quanto foi ou fui. Sinto a cabeça materialmente colocada na almofada em que a tenho fazendo vale. A pele da fronha tem com a minha pele um contacto de gente na sombra. A própria orelha, sobre a qual me encosto, grava-se-me matematicamente contra o cérebro. Pestanejo de cansaço, e as minhas pestanas fazem um som pequeníssimo, inaudível, na brancura sensível da almofada erguida. Respiro, suspirando, e a minha respiração acontece - não é minha. Sofro sem sentir nem pensar. O relógio da casa, lugar certo lá ao fundo das coisas, soa a meia hora seca e nula. Tudo é tanto, tudo é tão fundo, tudo é tão negro e tão frio!

Bernardo Soares in livro do desassossego 

Thursday, November 22, 2012

Agradecimento


Neste dia de Acção de Graças, reconheçamos tudo aquilo que, por vezes, não nos damos conta, e tomamos por adquirido. Exprimir gratidão, e identificar tantos instantes felizes nas nossas vidas, pode não ser traduzível, mas certamente se manifesta por aquele salto quântico num universo por decifrar.

Wednesday, November 21, 2012

Voo rasante


Em alguma vida fui ave.
Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpas em voo rasante.

Mia Couto

Tuesday, November 20, 2012

Personagens alinhadas


Monday, November 19, 2012

Mundo de névoa


Há uma vida atrás da vida, uma irrealidade presente à realidade, mundo das formas de névoa, mundo incoercível e fugidio, mundo da surpresa e do aviso. Assim o próprio presente pode ter a voz do passado, vibrar como ele à obscuridade de nós. A minha retórica vem do desejo de prender o que me foge, de contar aos outros o que ainda não tem nome e onde as palavras se dissipam com a névoa dos que narram.


Vergílio Ferreira in Aparição

Sunday, November 18, 2012

Testemunho de uma relação


Entre a noite e o dia, depois de nascido o sol, dialogam-se palavras e gestos, mais os segredos que o espaço encerra. Em território comum, os sinais de cumplicidade são claros no convívio do dia-a-dia. Ela representa a gente anónima que chora e ri, e será sempre dor, que com o animal de estimação tem um entendimento, em risco de sucumbir em conjunto.

Saturday, November 17, 2012

A sombra do caminho


Em ti o meu olhar fez-se alvorada
                                                          
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...

Florbela Espanca

Friday, November 16, 2012

Em marcha


Com uma viagem em perspectiva perco a noção do tempo, e ganho um outro fôlego. Continuar a descobrir lugares diferentes, desperta-me emoções e exige-me um novo olhar para além do pequeno mundo do meu quotidiano.

Thursday, November 15, 2012

Dilema


Alice encontrava-se no jardim, quando vê passar um coelho branco com um relógio de bolso. Fascinada, segue-o e entra num buraco duma árvore. Cai lentamente pela toca abaixo que, se alonga como um túnel desembocando num corredor cheio de portas. Uma chave sobre a mesa abre uma porta minúscula com acesso a um jardim. Alice quer ir até lá, mas a porta é muito pequena. Pouco depois, encontra uma garrafa cheia de um líquido com um rótulo que lhe indica que o deve beber, e um bolo com uma etiqueta onde se lê para o comer. Alice prova os dois, e descobre que um deles faz com que  diminua de tamanho, e que o outro a faz crescer. Ou ela fica grande demais para passar pela porta, ou demasiado pequena para alcançar a chave.

Wednesday, November 14, 2012

Em ascensão


Tuesday, November 13, 2012

Uma questão de incerteza


de repente todos os caminhos parecem de regresso
a vida por si mesma não se pode escutar demasiado
a vida é uma questão de tempo
um sopro ainda mais frágil

a rapariga desce à pequena praça,
compra uma flor para ter na mão
uma forma intemporal de conservar
a perfeição ou a incerteza

 José Tolentino Mendonça

Monday, November 12, 2012

A visita


Com vigilância máxima, a sua passagem durou apenas 6 horas, criando empatia nuns, e marcando apreensão e repúdio noutros. Reconhecendo o esforço do país, a Chanceler Angela Merkel elogiou o nosso desempenho, embora reconhecesse que o futuro fosse permanecer difícil. Preocupada com a sua própria imagem, e ciente do peso económico que representa na cena internacional, a política de austeridade é para continuar. 
Em tempos de tragédia é sempre mais fácil ter alguém a quem culpar. 

Sunday, November 11, 2012

Por detrás do palco


Saturday, November 10, 2012

A paz permanente






E, porque a falta de paz nos causa inquietação, procurar encontrar respostas mais profundas, e posturas mentais que nos salvaguardem, sem sucumbir à negatividade, foi o que nos propôs a Brahma Kumaris, em mais uma palestra, na Biblioteca Lídia Jorge. Aceitar as situações quotidianas sem oferecer resistência interna, não só acautela a nossa própria protecção, como nos ajuda a seguir na direcção certa através da consciência e conhecimento. Cultivando o silêncio, a introversão, e a meditação, alimentamos um padrão de sentimentos elevados que, só nos trazem benefícios. Só assim experimentamos a harmonia e bem-estar em verdadeira plenitude.

Friday, November 9, 2012

Vagueando


Esta época do ano convida-nos a caminhar por jardins e parques cobertos de folhas, quando a descoberta ganha uma força maior. Despidas de folhagens, as árvores tornam-se personagens centrais dum cenário absolutamente fulgurante, e tudo parece sussurrado pela suave brisa, ao sabor do sonho do Outono.

Thursday, November 8, 2012

Antes do sol


...(Vem de antes do sol
A luz que em tua pupila me desenha.
Aceito amar-me assim
Refletida no olhar com que me vês.)

Adélia Prado in Balé - Divinópolis 1998

Wednesday, November 7, 2012

Longe em qualquer parte


Mais uma vez a perdi. Em cada minuto
a perco. Longe revolteiam suas palavras
e seus dedos depositam-se
em qualquer parte.

Se a busco? Esfaimadamente a busco.
Tacteando com a memória a forma com que era
nas noites de amor.
Reconstruindo sua espécie de enorme sorriso.
Busco-a sim, inventando subtilmente
o impudor de cada entrega,
a dádiva sobrenatural da sua carne aberta.
Mais uma vez foi destruída pela vida feroz,
a minha boca não suporta sem palavras
essa coisa mortal.
Sangrentas são as palavras e deixam vestígios
através do tempo.

Longe, naquilo que o acaso teceu,
elaboram-se os gestos. No casulo remoto
forma-se a distância
entre a sua fonte e a minha fonte.
- Com que ser se entende agora seu ser oculto?
E as voltas obscuras e difíceis
dos instintos.

Ela semeia-se. E alguma coisa misteriosamente
a fecunda.
- Ela é colhida por um vento e eu estou bêbedo
de coisas inextricáveis.
Sei que ela acontece. Um círculo de seda
forma-se prementemente,
e ela acontece.

A minha fonte não me dá ironia,
nem um fogo,
uma estrela violenta.
- Fico a saber que ela longe cresce
como outra folha de erva.

Nada em mim suporta. A memória
desimpede-lhe os pés, e beija-os.
Minhas pálpebras exaltam-na.
E a fonte, essa, recusa-a arduamente.

Recebo humildemente esta desordem
da carne, das palavras,
dos dedos bruscos do tempo.
- Recebo tudo, e canto como quem deixa um sinal
maravilhoso.

Herberto Helder in A Colher na Boca - 1961

Tuesday, November 6, 2012

Máquinas de campanha


O mundo está de olhos postos na América com os spots publicitários mais caros de sempre. Com um sistema eleitoral sofisticado, um guião, e uma coreografia ao milímetro, todos os esforços estão concentrados na melhor forma de chegar aos eleitores, porta a porta, ou de outro modo qualquer. O dinheiro corre em abundância, e as questões em causa prendem-se principalmente com a economia, o resgate da indústria automóvel, o efeito do furacão Sandy, os swing states, ou até a força do ex-presidente Bill Clinton. O melhor estratega vencerá.

Monday, November 5, 2012

Encontro afectivo

Referência concreta quando crianças, um ursinho extraído da irrealidade dos dias, torna-se indispensável em qualquer infância. Em torno dele gira toda uma capacidade de invenção que, serve de delicioso contraponto às angústias da idade.

Sunday, November 4, 2012

Sem ti

Nenhuma gaivota
chegou às minhas mãos
sem as tuas asas.

António Hernández

Saturday, November 3, 2012

Entrada de cena


Friday, November 2, 2012

A folhagem e o espaço

Algo nos cria e nos liberta dos absurdos cercos.
Despertámos para tocar a boca esquecida pela noite.
Somos a folhagem e o espaço, somos uma garganta fresca.
As sombras aquecem-nos e as estrelas visitam-nos.
O meu corpo é de argila estou vivo e aceito o dia.


António Ramos Rosa in corpo de argila de volante verde, 1986

Thursday, November 1, 2012

Novembro

E
Em Novembro, põe tudo a secar, que pode o sol não voltar.

ditado popular

Wednesday, October 31, 2012