Casa branca em frente ao mar
enorme,
Com o teu jardim de areia e
flocos marinhas
E o teu silêncio intacto em que
dorme
O milagre das coisas que eram
minhas.
A ti eu voltarei após o incerto
Calor de tantos gestos recebidos
Passados os tumultos e o deserto
Beijados os fantasmas,
percorridos
Os murmúrios da terra
indefinida.
Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas
linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram
minhas.
Sophia de Mello Breyner Andresen in Poesia I (1944)