Monday, November 25, 2013

Uma série de fantasmas

O que era vida irreal, é agora realidade,
o que era vergonha, ninharia e ridículo, é vida agora.
O que toma pé são os sonhos,
o que se agita são as paixões desregradas.
Não há limites nem peias.
Vêem-nos como eu te vejo a ti.
Tenho diante de mim este espectáculo,
como se fosse possível aos homens desdobrarem-se
e tomarem corpo, ideias e paixões.
Eles são aquilo que ocultamente desejavam ser,
são o que não se atreviam a ser.
Sob um mundo de verdade há outro mundo de verdade.
É esse mundo invisível e profundo
que passa a ser o inundo visível.
É esse.
Todo o homem é uma série de fantasmas
e passa a vida a arredá-los.
Chegou a vez dos fantasmas.
As nossas ideias e paixões
é que formam as figuras que actuam na vida.

raul brandão in húmus - a outra coisa, fragmento frenesi 2000