Thursday, March 12, 2009

A pirueta

E porque a manhã era de poesia, voltei à biblioteca Dr. Francisco Cabrita. Entre crianças, jovens e alguns professores deixei-me arrastar pela magia de Afonso Dias, que reconheci de outros paragens. De poeta em poeta fomos conduzidos numa fantástica viagem até ao infinito, que tal como José Fanha terá demonstrado no «Romance ingénuo de duas linhas paralelas» pode ser aqui, ou ali, onde bem quisermos. Duas linhas paralelas/muito paralelamente/iam passando entre estrelas/fazendo o que estava escrito:/caminhando eternamente de infinito a infinito.
Segundo este declamador a poesia até nem engorda, e pelo contrário faz bem à pele! Talvez porque nos dá a oportunidade de nos posicionarmos no ponto mais alto, e assim passarmos a ver mais e melhor, o que certamente nos deveria tornar mais felizes. A toada alcança a doçura do sotaque, ao apanharmos o «trem de ferro» de Manuel Bandeira quando ouvimos qualquer coisa como, menina bonita/do vestido verde/me dá tua boca/pra matar minha sede/oô... oô… Descobrimos ainda que numa fusão felicíssima a poesia pode ter perfume, e música também. É por isso que para terminar Cecília Meireles nos fez rodopiar com a sua bailarina. A tal que não conhece nem dó nem ré/mas sabe ficar na ponta do pé. /Não conhece nem mi nem fá/ mas inclina o corpo para cá e para lá.
E entre o virtuosismo dos passos roda, roda, roda com os bracinhos no ar/ e não fica tonta nem sai do lugar. Definitivamente, numa visão idílica, a poesia procurou sensibilizar inundando-nos o dia.