Thursday, July 11, 2013

As escamas sem brilho

E então o círculo começa a desenhar-se obliqua-
mente, na fosforescência da sua nudez. Nos inters-

tícios, uma luz rugosa deixa rolar as

 escamas sem
brilho dos peixes mortos.
A tarde é um relâmpago apagado, sem fulgor. São
as vésperas da noite, dizem, mas o espaço volatilizou-se,
as estrelas, móveis, tombaram em cascata no fundo
do poço.


É o vazio do círculo, a sua face excêntrica.



Albano Martins in 
O Mesmo Nome - Campo das Letras, 1996