Retorna
à
escuridão
o
rosto: entre centelhas, ficasse tão maduro quando
de
te tragar
estremecesses,
que o animassem
os
elementos: um interior: um limite do mundo,
e
se afinasse como um galho de marfim
cheio
de lume, que fosse um instrumento
de
crescer na terra: um golpe
nela,
abraço
com
a mão coroada,
até
á bolsa com alua dentro,
no
ovo está o astro, se pelos dedos
nesse
rosto
te
plantasses todo na riqueza do sono,
soldado
a nervos: osso, feixe de fibras
tímpanos,
e as faíscas saltando pelas unhas
as
deixassem ígneas,
e a
veia arpoasse igneamente a massa
muscular,
ou
a
aorta sorvesse a matéria
tremenda
ao
seu abismo, e te encharcasse até ás pálpebras
essa
púrpura por válvulas
contra
os dentes. nos fundamentos há
vezes
em
que és ligeiro ao movimento da água,
ou
nas paredes onde os canos se cruzam
como
um corpo onde se cruzam órgãos
tubos,
um alento das coisas: dos tecidos
do
mundo, e por exemplo se a louça e o inox
brilhados
de dentro: à mesa
e a
madeira respira mais rápida
e
uma grande massa orgânica magnifica
cercada
de membros
como
um homem
essa
pinças na cabeça entre as meninges
extraindo
uma estrela,
os
canais luminosos da cabeça
iluminam-te
todo, iluminas-te
quando
se arranca a língua e há um soluço da fala,
levantas-te
soberbamente
ao
rosto, como a vara
do
vedor fica acesa
pelas
ramas de água, como que salga
o
aparelho do corpo
e o
torna substancia
alta
giratória ou se fulgura a trama
cristalográfica
terrifica
da musica se levanta
entre
os dedos e cordas
fundido
de sangue e ar no escuro:
música
o
medo do poder, esta ferida
tão
de um nó de músculos estrangulando
uma
leveza
o
barro violento, a manobra
das
vozes. Fechas os olhos e as
coisas
não te vêem,
as
mãos brilham-te abertas.
Herberto Helder