como na terra o atalho,
o beco mesmo quando, a sobreolho,
a porta se fecha
e uma janela se entreabre
convidativa.
O apelo do mar é como as estrelas
que cintilam a todo o horizonte;
às vezes ecoa num búzio
ou num baixio
denunciado pela crista das ondas
em redemoinho.
O apelo do mar, mesmo rarefeito,
arripia-se nos teus cabelos.
Convida-te a não mais voltar.
Abre-te todos os caminhos
do vasto oceano eleito
vida ameaçada, o seio aberto
pulsando anseio que não se recusa
por muito que o tentes evitar.
Ruy Cinatti in em Corpo - Alma, Lisboa: Editorial Presença, 1ª edição