Monday, November 24, 2008

A origem dos males

No século VIII a.c., o poeta Hesíodo descreve-nos Pandora - a primeira mulher criada pelos deuses, que à semelhança da bíblica Eva, nos surge com a finalidade de punir o homem, num acto de plena vingança. Por ordem expressa de Zeus, Hefesto modela-a em pedra, Minerva atribui-lhe vida com um simples sopro, Afrodite encarrega-se de lhe dar beleza, e Apolo da sua voz suave e graciosa. As Graças adornam-na com colares de ouro, e finalmente Hermes dota-a de persuasão e astúcia. Antes de ser enviada à Terra, é-lhe entregue uma caixa com a advertência de que jamais seja aberta. Do seu conteúdo fazia parte uma série de maldições e desgraças, desde a discórdia, à guerra, e a toda a espécie de doenças, e somente um dom. Vencida pela curiosidade, acaba por a abrir, libertando de uma assentada todos os infortúnios do mundo. Fecha-a porém de seguida, antes de deixar escapar a esperança. Na mitologia grega, Pandora surge-nos desta forma, com o intuito de seduzir o homem, provocando-lhe a destruição. Esta narrativa mitológica continua a fascinar-nos nos dias de hoje, por estar directamente ligada à história da humanidade, com tudo o que nos atormenta. Esta terá sido a metáfora encontrada pelos gregos, para através dum enredo de fácil compreensão, nos demonstrar os conceitos relacionados com a natureza feminina, e consequentemente o poder da aniquilação, restando-nos a esperança, como único meio de não lhe sucumbirmos às tragédias.