Após o interregno dos feriados, e do campeonato mundial de natação de síndrome de down, reiniciei a rotina. Ao chegar, fui surpreendida pela majestosa árvore de natal à entrada, e pela farda dos funcionários, que num ápice, de laranja passou a azul!? O mergulhar na piscina, subitamente alivia-me das tensões, e faz esquecer-me um pouco dos problemas do dia-a-dia. Ao entrar no jacuzzi, alguém que me diz chamar-se Paula cumprimenta-me, e revela-me que uma dor insuportável lhe prende a perna, e que enquanto aguarda pela aula de hidroginástica tem esperança que «aquilo» lhe faça bem. Uma vez só, semi-cerro os olhos deliciada com o movimento e a temperatura da água, e deixo-me deslumbrar pela vista panorâmica, através do envidraçado que vai duma ponta à outra, de toda aquela enorme extensão. Do local onde me encontro vislumbro o topo das bancadas do campo da bola, e junto ao cantinho direito, as hastes superiores das bandeiras, que ao sabor do vento desfraldam. No centro, o meu olhar incide no avançar do casario, que em desenfreada e feroz corrida contra o tempo, engole o verde da paisagem, como se o amanhã não chegasse a existir. Dali entro no turco, onde o ambiente de penumbra e humidade tantas vezes me trouxe inspiração, além da amizade da Marta, que me é tão especial. Ao entrar na sauna, inverto a ampulheta num gesto ritual, que me impede perder-me no tempo. Já nos balneários, uma criancinha sem sotaque, cuja mãe é brasileira, faz uma birra infernal. Mas, após esta revigorante sessão, não há stress, nem nada que me perturbe. Daqui a dois dias estou lá caída outra vez.