O corpo tem
degraus, todos eles inclinados
milhares de
lembranças do que lhe aconteceu
tem filiação,
geometria
um desabamento
que começa do avesso
e formas que
ninguém ouve
O corpo nunca é
o mesmo
ainda quando se
repete:
de onde vem
este braço que toca no outro,
de onde vêm
estas pernas entrelaçadas
como alcanço
este pé que coloco adiante?
Não aprendo com
o corpo a levantar-me,
aprendo a cair
e a perguntar
José Tolentino Mendonça