Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz
fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra
boca apaixonada
Teve a frescura
pálida do linho...
Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de
Espanha, em taça cinzelada...
E a minha
cabeleireira desatada
Pôs a teus pés
a sombra dum caminho...
Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os
olhos garços, sou morena,
E para te
encontrar foi que eu nasci...
Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te
falo, que te vejo,
Não sei se te
encontrei... se te perdi...
Florbela Espanca
Florbela Espanca