Percorre-me todo o comprimento da parede frente ao sofá. Não foge ao convencional, tratando-se apenas de um nicho lacado em tom marfim pálido, onde mantenho em perspectiva uma série de objectos carregados de recordações. Alguns ficam bem lado a lado, outros, apesar do desalinho, expostos em conjunto parecem adquirir um sentido de unidade. Uma ou duas peças foram colocadas estrategicamente, quando nos meses mais quentes, o sol me entra pela sala adentro reflectindo a luz e fazendo-os brilhar! Ao sabor dos dias, fixo-os e ajusto-lhes a disposição com exacta precisão, assumindo particular significado, num espaço onde o branco impera, e o tempo me liga a tantas coisas vividas de forma intensa.