Monday, July 22, 2013

Crise criativa

Enquanto, com toda a calma do mundo, se aguardava por revelações, veio-me à ideia aqueles intermináveis momentos duma época em que, cúmplices, numa metodologia de movimentos frenéticos, abríamos e fechávamos aquele pedacinho de papel, quando uma série de partes funcionando como elementos de ligação contribuíam para um todo. Em rigor, o resultado era sempre inconsequente, e nesta prática repetitiva havia sempre a possibilidade de refazer as escolhas dos números ou cores, cujos resultados poderiam gerar diversas leituras e interpretações, reais ou inventadas, conhecendo o autor ou autora, o seu princípio e o seu fim. Condenados a que assim se perpetue, a encenação do exercício, nos dias que correm, demonstra quanta falta nos faz a capacidade de reinvenção na incerteza deste jogo pouco convincente.