Enquanto, com
toda a calma do mundo, se aguardava por revelações, veio-me à ideia aqueles
intermináveis momentos duma época em que, cúmplices, numa metodologia de
movimentos frenéticos, abríamos e fechávamos aquele pedacinho de papel, quando
uma série de partes funcionando como elementos de ligação contribuíam para um
todo. Em rigor, o resultado era sempre inconsequente, e nesta prática
repetitiva havia sempre a possibilidade de refazer as escolhas dos números ou
cores, cujos resultados poderiam gerar diversas leituras e interpretações, reais
ou inventadas, conhecendo o autor ou autora, o seu princípio e o seu fim. Condenados
a que assim se perpetue, a encenação do exercício, nos dias que correm,
demonstra quanta falta nos faz a capacidade de reinvenção na incerteza deste
jogo pouco convincente.