Monday, January 28, 2008

Travessia oceânica

SmileyCentral.comAmanhã romperei o ciclo, através de um ponto de passagem absolutamente obrigatório. Às vezes é necessário olhar para outro tipo de realidade, e assim, por umas semanas vou deixar de ouvir falar na ASAE, na CMVM, no BCP, ou do País que se joga em Lisboa, quando o que estará em causa será somente o Poder. Mas o verdadeiro, porque aqui tudo não passa de uma brincadeira. Afinal o mundo é um palco, e tudo se resume a uma encenação. E eu irei espreitar bastidores, jogos de estratégia, e tácticas eleitorais, para sustentar uma opinião através de novas descobertas, de outras sensibilidades, e interpretações muito mais longínquas. Mas, separados por milhares de quilómetros, como que por magia, estarei arredada, embora aqui!? Hasta la vista!

Thursday, January 24, 2008

Prazeres da Serra

Sempre que posso refugio-me lá. Apenas sigo os caminhos que ali me levam, repletos de curvas e contracurvas ladeadas de árvores frondosas, cujos tons da folhagem castanha e laranja, tão bem se identificam com a paisagem de Outono. Alcanço o miradouro junto à água da nascente, límpida e cristalina, e em pleno coração de Monchique deixo-me deslumbrar pela magnitude da vista. Continuo a escalada até Fóia, onde a paisagem ampliada me faz sentir a olhar o mundo, e me corta a respiração. Ao descer a encosta observo o parque eólico, e uma vez mais aproveito a pausa para me deliciar com a gastronomia regional na «Rampa». A beleza envolvente, e o vinho alentejano retêm-me um pouco mais. O brilho do sol imprime-lhe reflexos violeta, e a sua textura marcante parece bem combinar com aquele perfeito final de tarde. Digo adeus à infatigável Paula, e prometo voltar muito em breve, um destes dias.

Sunday, January 20, 2008

O album

O nó

Tal como uma princesa saída dum conto de fadas, surge-nos passo a passo, fulgurante e esbelta. Pelo braço do pai avança ao encontro do noivo, que transborda de alegria difícil de conter. Ao som de notas melódicas parte-se da igreja para o copo d’ água, que se prolonga até ao final do dia, enquadrado num cenário natural, com Sintra a perder-se de vista. É o início de uma nova caminhada a dois, e o compromisso com o amanhã, quando a vida passa a ser dividida. Felizes para sempre? Porque não?! Basta a vontade de cada um, saber sempre colocar-se no lugar do outro. À minha sobrinha Carolina, e ao André, brindo a um futuro risonho e duradouro.

Wednesday, January 16, 2008

Refrescante

Fora de portas

Duas ou três vezes na semana desvio-me do labirinto do meu pensamento, assento os pés na terra, e estou lá, na linha da frente reivindicando o meu bem-estar. Uma vez equipada e preparada para actuar, começo por dar umas braçadas, que não só me ajudam a livrar do excesso de gordura na região abdominal, como me revitalizam a nível de empenho, alcançando metas com reflexos práticos. Dali, mergulho, e deixo-me massajar suave e relaxadamente pela água morna que borbulha – recurso medicinal utilizado desde a antiguidade. Ainda longe da agitação enclausuro-me numa atmosfera saturada de vapor de água, em plena semiescuridão, que me desobstrui os poros, pulmões, e vias respiratórias. Já antes de Cristo mercadores turcos recorriam às termas depois de atravessarem o deserto, fazendo nascer assim o banho turco que se espalhou pelas civilizações até aos nossos dias. Após este encontro com a própria, num mundo à parte, amigo do ambiente, moderno e minimalista sinto-me como que suspensa no tempo, revigorada para ir mais longe.

Sunday, January 13, 2008

Trajectória

Sonho alucinante

Separa-nos a imensidão do Atlântico, e nada mais. A tudo o resto estamos ligadas. Quando me levanto, ela ainda dorme, e quando adormeço, ela gira em roda-viva. Ainda que desencontradas há sempre algo que nos une, e que nos afasta também. Fecho os olhos e a sua imagem esbatida ganha contornos, quando a vida adquire novo sentido. É como se o mundo estivesse perto e longe, em simultâneo, e em permanente mutação. Visiono-a parada no tempo, correndo contra o mesmo, quebrando barreiras. Tacteio, e quase lhe alcanço os cabelos de oiro. Respiro fundo, e sinto-lhe a fragrância, como se fosse uma flor. Mas, varrida pelo vento, acabo por a perder entre os dedos. Resta-me o vazio da ausência, num universo findo de se esboroar. De um só fôlego, desperto do meu sono, perdendo toda a profundeza. Enfrentada a veracidade, torno-me incapaz de ultrapassar distâncias, sem que por um segundo o amor se esgote.
No outro dia, na praia, uma criança loira chamava pela mãe, e por escassos segundos, penso que é por mim que implora. Não, não pode ser. Os seus olhos não são claros, nem da cor do céu como os dela, e entretanto ela cresceu.

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Saturday, January 12, 2008

Friday, January 11, 2008

Pura magia

A viagem é iniciada cedo, quando a neblina ainda paira no ar. À medida que vamos avançando, o sol desperta, e o arvoredo prende-me o olhar, que se cruza com uma nova descoberta. Logo a seguir à passagem pela Ribeira, sou invadida por uma sensação de liberdade, ao contemplar a paisagem vasta, e o infinito do horizonte. Não há vento, e apenas uma leve brisa toma conta de mim, trazendo-me sossego, e tranquilidade. Tento esquecer as horas, e consumi-las vagarosamente, para não fugir à realidade que me envolve. Inclinadas sobre o rio, as vinhas das encostas não são mais do que um rasgo de emoção. Ao encontro das expectativas, o vinho da região demarcada anda por todas as bocas do mundo fora. Passamos por baixo de pontes, por pequenos aglomerados aqui e ali, pela barragem de Crestuma-Lever, por outros barcos, e outras gentes, que das margens nos acenam em sinal de paz. Só o pássaro que sobrevoa quebra o silêncio que nos fala mais alto. Um dia no Douro não me chega, e a memória e a nostalgia pedem-me para quanto antes lá voltar.