Nunca soube o teu nome. Entraste numa
tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra
pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos
muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do
mundo.
Não te menti; levantei-me e fui levar-te à
porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o
mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que
nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa
- ou
de ser gato, para poder ter mais do que
uma vida.
Maria do Rosário Pedreira in nenhum nome depois - gótica, 2004