Já estava marcado há algum tempo, e nenhuma falhou. À volta da mesa entre uma salada de alface e romãs, com molho de iogurte, e uma nutritiva pasta de courgettes, abordámos o quotidiano e as derrocadas da vida, os colapsos emocionais e as dificuldades afectivas, a juventude perdida e o momento que vivemos. Voltamos a levantar-nos, e dirigindo-nos ao buffet, desta feita experimentamos um menu diferente – uma fatia de tarte de legumes, e uns pastelinhos, que tento adivinhar de que são, acompanhados de grão-de-bico, e de um esparguete fininho com leguminosas. Afinal todas as estatísticas indicam que seguindo uma dieta vegetariana, as incidências de doenças cardíacas, cancro e osteoporose são bastante mais reduzidas. A densidade dos nossos dias volta de novo à baila. Continuando a concentrar-nos nos afectos, falamos do que sentimos uns pelos outros, na incomunicabilidade de sentimentos, na natureza moral, e na intuição. De costas voltadas para o passado dizemos o que queremos para nós agora, e de toda uma carga dramática de que por vezes se revestem as nossas anónimas existências. Gelatina de laranja e um café fecham a sessão. Entretanto a Lena seguiu para um lanche de aniversário em família, e a Lurdes e eu ainda fomos assistir a um teatrinho infantil intitulado «O esqueleto do cozinheiro Akli» na Biblioteca Municipal, antes de regressarmos cada uma a suas casas. O que se nos escapou, o que sabemos, e o que nos transcende servirá de pretexto para um outro encontro, a realizar-se em breve entre as três.