Friday, November 5, 2010

A bela-luísa


Acabada de colher, o seu agradável sabor cítrico, serviu para nos reunirmos, sob o pretexto de um chá bela-luísa. Quando abre as portas de sua casa, ela aprimora, e é como se uma lufada de ar fresco nos invadisse as vidas. Da janela da cozinha, por onde tudo passa e acontece, avista-se um marmeleiro, a uma curta distância. Está carregado de frutos amarelados. Antecipo-lhes o perfume intenso quando maduros, deixando-me seduzir.
Na véspera, depois de os lavar, e cuidadosamente pôr a escorrer, um a um a Fátima descaroçou todos os marmelos, confeccionando uma geleia caseira, ao atingir o ponto desejado para a sua conservação. Um frasco foi-me logo reservado, e, por isso, eu aí estou de novo. Aquele lugar é o seu refúgio, e transmite o quanto ela é ali feliz. Com os dentes a romper, e uma ligeira infecção viral, o Pedro não abdicou de chorar, alertando-nos para a sua notoriedade na vida diária doméstica. Só o tempo liga tantas coisas valorizando cada momento.