Thursday, December 8, 2011

Quem me dera


Quem me dera ter raízes, que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar um passo que fosse em vão.
Que me deixassem crescer silencioso e erecto, como um
pinheiro de riga, uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes, raízes em vez de pés.
Como o lodão, o aloendro, o ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar, quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado, pelas raízes, ao chão.

Jorge Sousa Braga in Herbário