A incerteza de
direitos, e as mentiras de uns e outros, tinham-se transformado num jogo
complexo entre o dito e o não dito. Para ela, nada sobrava para contrariar os
efeitos perniciosos da crise. Sem tecido económico que nos proporcionasse
auto-suficiência e sem saber por onde caminhávamos, novas soluções eram impensáveis. Por outro lado, a obsessão pelos números e o desfasamento da
realidade tornava-os incapazes de alguma vez resolver o que um dia teriam
criticado. Na sua mente, havia, apenas, dois caminhos – ou o perdão da dívida,
ou uma renegociação de juros e prazos. De costas voltadas, tantas contradições
descontextualizadas faziam dela a candidata insuperável para quem a política
era mais do que algo meramente teatral.