Mais que o teu corpo quero o teu pudor
quero o destino e a
alma e quero a estrela
e quero o teu prazer
e a tua dor
o crepúsculo e a
aurora e a caravela
para o amor que fica
além do amor.
A alegria e o
desastre e o não sei quê
de que fala Camões e
é como água
que dos dedos se
escapa e só se vê
quando o prazer se
torna quase mágoa.
Estar em ti como quem
de si se parte
e assim se entrega e
dando não se dá
quero perder-me em ti
e quero achar-te
como num corpo o
corpo que não há.
Manuel Alegre in Livro do
Português Errante - Dom Quixote, 2001