Prevê-se difícil, mas não impossível. O novo ano apenas exige que congreguemos esforços. Num momento em que toda a estrutura está a ser abalada, que tenhamos a capacidade de nos modificarmos a nós próprios, para uma outra interpretação da realidade. Assim, não ignoremos a crise, mas não nos deixemos sucumbir, sem mais nem menos, por ela. E, porque as escolhas comportam renúncias, enfrentemos 2011 com alegria e sensibilidade, num percurso de inspiração para além de quaisquer dificuldades.
Friday, December 31, 2010
Thursday, December 30, 2010
Cores variadas
A aventura continua conduzida pelo Rico que, nos guia por entre caminhos de casas em ruínas, cercadas de verde a perder de vista. Ao longo de atalhos mais rectos, ou sinuosos, é sempre possível reparar nos arbustos com bagas coloridas que, nos alegram os dias apesar dos espinhos, ou no desalinho da vegetação descobrir, num canto esquecido, uma solitária flor amarela, ou uma rosa pendente, exalando um perfume em harmonia com o entardecer.
Tuesday, December 28, 2010
O nevoeiro
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade - Os Sulcos da Sede
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade - Os Sulcos da Sede
Monday, December 27, 2010
Magia indescritível
A série de passeios iniciados no Outono parece não ter fim. Agora, que tomei o gosto, sonho em conhecer todas as redondezas. E, sem dúvida que, a forma como recebemos as surpresas de cada instante, é o que mais encanto dá aos nossos dias. Repleta de cores, a beleza inédita da natureza, apresenta-me soluções de enorme profundidade e poesia.
Friday, December 24, 2010
Noite de solidariedade
A noite torna-se santa, quando o céu toca na Terra, ao de leve. O cântico é sublime. E, o gesto solidário afirma-se abraçando o mundo inteiro. É esta luz que brilha que, nos inspira e ilumina, como réstia de esperança.
Alegrem-se os céus e a terra,
cantemos com alegria,
que já nasceu o menino,
filho da Virgem Maria.
Wednesday, December 22, 2010
Uma festa de cores
Os enfeites, as bolas coloridas, e as velas, fazem parte da festividade do Natal, tal como as pequenas figuras de barro que, recriam o nascimento de Cristo e celebram a vida. Cartões de amigos, com mensagens de esperança dos quatro cantos do mundo, distribuem-se por cima da lareira, e, no topo do pinheiro encontra-se a estrela dourada e brilhante que nos irá guiar ao longo do novo ano que se aproxima.
Tuesday, December 21, 2010
Desabitado
Tem início no solstício quando o dia é o mais curto do ano. Em estreito contacto com a natureza, a chuva miudinha cai de modo insistente, e árvores despidas ocupam o centro de vastas extensões de verde que, tingem a paisagem de melancolia. Esquecidas de si, ali pousam como figuras sem peso na transição de um tempo em que até os pássaros migraram em busca de regiões mais quentes.
Monday, December 20, 2010
Festa de luzes
Saturday, December 18, 2010
Uma questão de atitude
Na vida do dia a dia, ou reunimos esforços para romper com a realidade, olhando os problemas sob uma perspectiva diferente, reagindo às dificuldades circunstanciais, ou ao continuarmos presos ao que dantes funcionava, dificilmente transporemos os obstáculos. Às vezes, mesmo as oportunidades mais óbvias são ignoradas, quando não estamos devidamente motivados. Mudar o modo de pensar e agir, requer uma certa persistência, e optando por novos caminhos desenhamos o nosso próprio futuro num mundo muito diferente do que aquele que hoje é.
Thursday, December 16, 2010
Tuesday, December 14, 2010
Trajecto melancólico
Espreito por entre os troncos das árvores. Olho de perto e vejo ao longe, em direcção a uma perspectiva mais alargada, onde os pássaros voam com imaginação e liberdade ampliando-me o universo. Tomada pelo espanto, recrio novas fantasias que, se insinuam na ausência da temporalidade. Atrás de mim está o vazio.
Monday, December 13, 2010
Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
Saturday, December 11, 2010
Pelos campos fora
Retomo o caminho percorrendo trilhos em contínua descoberta. Os muros de pedra guardam o registo dum tempo que já não existe, e a memória do que terá acontecido um dia. Pequenas bagas de graciosa beleza ganham cor e forma em arbustos, ou entrelaçadas nas árvores, e no meio da vegetação nascem cogumelos, uma infinidade de pequenas flores, e trevos que se agitam com o cair da chuva miudinha. Nestes momentos de envolvimento com a paisagem que, nunca mais acaba, há sempre algo inovador e profundamente refrescante.
Friday, December 10, 2010
O resto dos dias
É claro que as cores fazem parte do meu universo de referências. Nesta altura do ano, principalmente, tornam-se bastante emotivas. Expostos ao sol directo, os pequenos arbustos são uma exuberância no meio da vegetação, crescendo selvagens em redor de ervas verdejantes sobre um solo demasiado pedregoso. Há, em tudo isto, uma atracção por este território mítico que, transforma estes passeios de final da tarde num verdadeiro sonho!
Wednesday, December 8, 2010
Para ti
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
o amor é uma noite a que se chega só
José Tolentino Mendonça - A noite abre meus olhos - Assírio & Alvim
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
o amor é uma noite a que se chega só
José Tolentino Mendonça - A noite abre meus olhos - Assírio & Alvim
Tuesday, December 7, 2010
Na face da Terra
Com um pouco de esforço a caminhada já vai em mais de uma hora. Sacudidas durante a intempérie da madrugada, as árvores esparsamente distribuídas ao longo dos campos são baixas, e uma a uma, foram perdendo as folhas. Com troncos sinuosos e casca espessa apresentam os galhos todos distorcidos. Em solos drenáveis e pouco férteis, abracei-as, e senti-lhes a frescura.
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