Saturday, December 31, 2011

Passas e desejos


Interpretar as mudanças, e aceitá-las, é o desafio que nos é proposto, após o ano que se despede. Para trás fica a desmontagem de ilusões através do declínio político. Perder para a China, Brasil, ou Índia tornou o mundo economicamente muito mais justo.
Menos virados para os interesses materiais, e valorizando o que realmente é mais importante para as nossas vidas, saudemos 2012, reorganizando a sociedade, desenvolvendo a criatividade, e sobretudo investindo na entreajuda.

Monday, December 26, 2011

Uma questão de equilíbrio


O homem é feliz enquanto o seu desespero for igual à sua esperança.



Maria Gabriela Llansol (1931-2008)

Sunday, December 25, 2011

Curta metragem


Este foi o Natal que nos convidou a reflectir no bem comum, como se duma vida colectiva se tratasse. Cultivar o amor numa festa que pretende ser interior, é o grito de alma para que uma nova humanidade floresça.

Saturday, December 24, 2011

Força e luz




Dai vida pura, dai força e luz
A quem procura Cristo Jesus.

Tem piedade, ó Mãe das dores,
De nós, teus filhos os pecadores.

Santa Maria, Mãe de Jesus (excerto de cântico de Nossa Senhora)

Thursday, December 22, 2011

Festividades




Foi em espirito de confraternização, em ambiente informal e descontraído, que teve lugar um lanche de Natal com as especialidades tradicionais desta quadra.

Tuesday, December 20, 2011

Árvore da vida

Nos dias que antecedem o Natal, o pinheiro e tudo o que dele possa vir tem um papel crucial na decoração das nossas casas. O aroma que se espalha pelos quatro cantos alerta-nos para o espírito de união e solidariedade desta época festiva.

Monday, December 19, 2011

Caudas dos pavões


Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas.
Rosas ascendem do coração trançado
das madeiras.
As caudas dos pavões como uma obra astronómica.
E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.
Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.
E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. Os olhos contra
as artes do fogo.
Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.


Herberto Helder in Ou o poema contínuo (Assírio & Alvim)

Saturday, December 17, 2011

Uma rua qualquer

(…)
«Nome de rua quieta
onde à noite ninguém passa.
Onde a sombra de um poeta
de repente nos abraça.
Nome de rua secreta
onde à noite ninguém passa.
Onde o ciúme é uma seta,
onde o amor é uma taça.»

David Mourão-Ferreira in Nome de Rua

Wednesday, December 14, 2011

Nada mais quero



Esta névoa sobre a cidade, o rio,
as gaivotas de outros dias, barcos, gente
apressada ou com o tempo todo para perder,
esta névoa onde começa a luz de Lisboa,
rosa e limão sobre o Tejo, esta luz de água,
nada mais quero de degrau em degrau

Eugénio de Andrade in Lisboa

Friday, December 9, 2011

Um saltinho


Até ao Natal um saltinho de pardal.

Thursday, December 8, 2011

Quem me dera


Quem me dera ter raízes, que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar um passo que fosse em vão.
Que me deixassem crescer silencioso e erecto, como um
pinheiro de riga, uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes, raízes em vez de pés.
Como o lodão, o aloendro, o ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar, quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado, pelas raízes, ao chão.

Jorge Sousa Braga in Herbário

Wednesday, December 7, 2011

A substância do tempo



A viagem é curta, e de barco depressa se chega do leste de Londres a Greenwich, na margem sul do Tamisa, quando o vento cessa de soprar. Greenwich, uma absoluta referência ao afirmar-se entre as datas de todo o mundo!

Tuesday, December 6, 2011

Cruzando o Tamisa



London Bridge is falling down,
Falling down, falling down.
London Bridge is falling down,
My fair lady!

Monday, December 5, 2011

A sós com o Outono




Por entre a vegetação, perco-me nas cores mais profundas das folhas que, o vento sopra e faz rodopiar. Sigo-lhes o rasto, lá, onde o Outono me desestabiliza infinitamente.

Thursday, November 24, 2011

A tua mão


estende a tua mão contra a minha boca e respira,
e sente como respiro contra ela,
e sem que eu nada diga,
sente a trémula, tocada coluna de ar
a sorvo e sopro,
ó
táctil, ininterrupta,
e a tua mão sinta contra mim
quanto aumenta o mundo

Herberto Helder in a faca não corta o fogo - assírio & alvim - 2008

Wednesday, November 23, 2011

Os novos desafios


Marcados pela austeridade, e expostos ao cenário internacional, os dias vão passando sem ninguém imune a sacrifícios. O lucro definitivamente faliu e o grau de desequilíbrio é tão grande que nos leva inevitavelmente a olhar sobre nós mesmos e a pensar no que se esvaziou ao longo dos tempos. É importante reflectir sobre a nova realidade e trazer propostas diferenciadas, recuperando ideais e revitalizando recursos, tentando obter vantagens pelos caminhos por onde poucos passam.
Só outras dinâmicas e novos valores nos poderão sustentar, marcando o fim do jogo, sem pôr em causa compromissos.

Tuesday, November 22, 2011

Drama intímo


Há dias assim, sem o sol a afagar-nos e aparentemente frívolo. Inconstante nos afectos parece querer privar-nos do seu calor.

Friday, November 18, 2011

Diário de um poeta


No seguimento da obra anterior, Nelson Moniz reflecte sobre as incertezas do quotidiano e toda a ambiguidade da existência, oscilando entre o passado e o presente, com a paisagem marítima como cenário. Na apresentação de Diário de Bruma, este poeta que é professor, contou com a participação de alguns dos seus alunos que segundo o próprio são estrelinhas de uma constelação maior!

Wednesday, November 16, 2011

Pura nudez


Um poema de amor que ninguém
tivesse feito e só um merecesse
e só o outro entendesse

E aí estaria ele o amor
em estado de pura nudez
litográfica à século das luzes

Rui Caeiro in O Quarto Azul e outros poemas

Tuesday, November 15, 2011

Celebrar Joseph Haydn (1732 - 1809)



A Orquestra do Algarve dirigida por Pedro Neves, regressou ao Auditório Municipal de Albufeira para apresentar obras de Haydn. Músico da corte começou a compor ainda muito jovem óperas, sinfonias, quartetos para cordas e música de câmara, encontrando-se entre os maiores nomes da música erudita da sua época.

Sunday, November 13, 2011

A árvore luminosa


Nesta luz quase louca
que se prende aos telhados
às árvores aos cabelos das mulheres
aos olhos mais sombrios
falamos de ti do teu alto exemplo
e é com intimidade que o fazemos
falamos de ti como se fosses
a árvore mais luminosa
ou a mulher mais bela mais humana
que passasse por nós com os olhos da vertigem
arrastando toda a luz consigo

Alexandre O´Neill in Poesias Completas

Friday, November 11, 2011

Um olhar ilustrativo






Afastada do mar, o que a distingue é o charme e a tradição de outros tempos. Loulé é um dos maiores centros urbanos do Algarve, no sul de Portugal, com o castelo e as muralhas do século XIII, as ruas calcetadas, prédios residenciais antigos, o Mercado Municipal de inspiração árabe, e bem servida de opções a nível de restauração

Wednesday, November 9, 2011

À altura dos desafios


De crise em crise, e expostos ao cenário internacional, cada vez mais visível, é preciso pensar global e respirar novas ideias. O mundo tal como o conhecíamos deu lugar a uma outra realidade, sem que ninguém assuma uma verdadeira solução política, e o que serviu no passado passou a entrar em conflito com os interesses de hoje em dia.
Numa altura em que o ideal europeu parece ter-se diluído, exige-se um esforço conjunto que não ponha em causa o bem comum ou a solidariedade.

Tuesday, November 8, 2011

As palavras sobrevoam


Um rio de escondidas luzes
atravessa a invenção da voz:
avança lentamente
mas de repente
irrompe fulminante
saindo-nos da boca

No espantoso momento
do agora da fala
é uma torrente enorme
um mar que se abre
na nossa garganta

Nesse rio
as palavras sobrevoam
as abruptas margens do sentido

Ana Hatherly in O Pavão Negro - Assírio & Alvim 2003

Sunday, November 6, 2011

Excertos do tempo

Há dias habitados de sombras
e dispersos na cor
quando o sol me faz falta
e o procuro projectar no desenrolar de horizontes,
esfuziante,
compondo cenários à espera de ver mais
para além da imaginação
até ao anoitecer

Wednesday, November 2, 2011

Pegadas soltas

Do ponto mais alto, espraio a vista por entre recortes de árvores de cores profundas até à água, projectada para o regadio que, dá vida à terra fértil.

Thursday, October 27, 2011

À mesa



na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viuva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.

na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

José Luís Peixoto

Sunday, October 23, 2011

Identidade Gaúcha

O Impactus Pop Art House contou com a presença de Érlon Péricles e Cláudia Santos que nos trouxeram a milonga e outros ritmos característicos da arte e da cultura do Rio Grande do Sul que, de geração em geração vem preservando as tradições próprias desta região brasileira.

Ser gaúcho é ter no coração o orgulho de ser daqui (Rio Grande do Sul)


Saturday, October 22, 2011

À luz do fado


Em ambiente de boa disposição Filipa Sousa voltou a homenagear alguns dos poetas mais expressivos da língua portuguesa, recriando uma série de fados que tanto exprimiram a tristeza e a melancolia como a alegria e a felicidade no amor!

Wednesday, October 19, 2011

O resto do dia


A paisagem ao longo do caminho
volta a reinventar-se
de cores e fundos
pequenas folhas
e inumeráveis recortes
que ganham força comunicativa
quando o pouco se torna muito
sussurrando-me carícias
que persistem na memória
e me imobilizam o tempo