Junto ao rio

É sob um sol escaldante que a atravesso, não poupando o olhar. O rio preserva a memória de outrora, com a ponte romana em primeiro plano. Entre o passado histórico testemunhado pelos edifícios, e o quotidiano real, brindo-me com os seus recantos, e o jardim, na margem direita do Gilão, cruzando passos errantes com árvores, flores e arbustos, que acolhem o coreto, e as festividades locais

Por circunscrever

Lavram sem controlo, e a cada verão consomem hectares de floresta. Às vezes são de tão grandes dimensões, que colocam em risco pessoas e bens. As temperaturas altas, e o vento forte alimentam-lhe as chamas que nada poupam, ameaçando por um lado, e alcançando por outro vastas extensões. Mobilizam bombeiros e cidadãos anónimos, e frequentemente a ajuda internacional. Mesmo em fase de rescaldo o apoio aéreo torna-se imprescindível, na ausência da chuva, e da acalmia do vento.

Amanhecer iluminado

Encoberta pela noite, é da janela aberta que a observo suspensa num céu tendencialmente infinito. A sua rotação é lenta, desenhando-me sombras que me atravessam o quarto, reforçando-lhe a sensualidade. Misteriosa, guarda mil e um segredos ocultando-nos uma face. Porém, apesar da luz prateada que irradia não ser sua, não é a primeira vez que me desperta, dum sono exaltado pela cadência das marés.

Território do desejo

Escondidos sob a água, há recifes submersos, de arestas rochosas que me prendem o olhar. Entre algas azuis e traços de fósseis, tudo parece calmo e tranquilo, na obscuridade da profundeza do mar. Num jogo interpretativo tacteio a areia e os seixos, cujos contornos não sei definir. Torrentes de água, e vagas desfeitas libertam-me da minha própria limitação, reconduzindo-me onde o imaginário me projecta, até à próxima maré.

Sonho amarelo

Perto do fim, já com a meta à vista, cresce a emoção na linha de chegada. As subidas exigem imenso fôlego, e um ritmo notável, e, só a pedalar se aumenta a vantagem que se traduz no pódio.

Singing low

Here I go,
Singing low,
Bye bye blackbird

O fora-da-lei

Após a quebra da bolsa norte americana de 1929, e de o desemprego atingir cerca de 4,8 milhões de pessoas nos Estados Unidos, governo e agentes federais tentam a todo o custo deter os responsáveis pela série de assaltos que varrem os bancos de todo o midwest, e consequentes fugas de prisões. Baseado numa história real, o filme conta a vida do lendário John Dillinger, inimigo público número um, brilhantemente protagonizado por Johnny Depp, que agora nos traz de volta os conturbados anos 30.

Estado de plenitude

Entre o sonho e a lucidez, para me evadir do quotidiano, pus-me em marcha. Sem pressa, tento reinventar-me seguindo sinais, em resposta a um impulso feito de silêncios e dúvidas. Apenas a natureza me fala na sua forma mais simples, permitindo-me desligar de outras paragens. Cada passo em frente projecta-me para lá do visível definindo-me o percurso. Os sons a diferentes vozes, oriundos da terra e do mar despertam-me reflexões estabelecendo com o que me rodeia uma afinidade íntima. Em andamento de dança sobrevoo a paisagem, que me serve de inspiração para o tempo que ainda não chegou.