Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita
dos teus braços;
cheiro depois as
flores
e converso contigo
sobre a nuvem que
pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.
Depois,
não sei porquê nem
porque não,
essa recordação
desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge
a tua mão,
e a melodia já mudou
de rumo.
Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
sem
a tua presença verdadeira,
e
eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e
um ramo de flores, que não existe, cheira!
Miguel Torga in Diário IX - Chaves,17
de Setembro 1961
No comments:
Post a Comment