Em nome dos que choram,
Dos que sofrem,
Dos que acendem na
noite o facho da revolta
E que de noite
morrem,
Com esperança nos
olhos e arames em volta.
Em nome dos que
sonham com palavras
De amor e paz que
nunca foram ditas,
Em nome dos que rezam
em silêncio
E falam em silêncio
E estendem em
silêncio as duas mãos aflitas.
Em nome dos que pedem
em segredo
A esmola que os
humilha e os destrói
E devoram as lágrimas
e o medo
Quando a fome lhes
dói.
Em nome dos que
dormem ao relento
Numa cama de chuva
com lençóis de vento
O sono da miséria,
terrível e profundo.
Em nome dos teus
filhos que esqueceste,
Filho de Deus que
nunca mais nasceste,
Volta outra vez ao
mundo!
Ary dos Santos
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