para que a luz do Sol
me não constranja.
Numa taça de sombra
estilhaçada,
deita sumo de lua e
de laranja.
Arranja uma pianola,
um disco, um posto,
onde eu ouça o
estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor,
o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o
teu, à minha volta!
Depois, podes partir.
Só te aconselho
que acendas, para
tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do
teu joelho,
entre os lençóis o
lume do teu peito...
Podes partir. De nada
mais preciso
para a minha ilusão
do Paraíso.
David Mourão-Ferreira in Infinito Pessoal ou a Arte de Amar,
Guimarães Editores 1963
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