um mapa antes de
viagem, para que nele
descobrisses ilhas e
paraísos e aí pousasses
os dedos devagar,
como fazem as aves
quando encontram o
verão. Se me tivesses
tocado, ter-me-ia
desmanchado nos teus braços
como uma escarpa
pronta a desabar, ou
uma cidade do litoral
a definhar nas ondas.
Mas, afinal, foste tu
que desenhaste mapas
nas minhas mãos -
tristes geografias,
labirintos de razões
improváveis, tão curtas
linhas que a minha
vida não teve tempo
senão para
pressentir-se. Por isso, guardo
dos teus gestos
apenas conjecturas, sombras,
muros e regressos -
nem sequer feridas
ou ruínas. E, ainda
assim, sem eu saber porquê,
as ondas ameaçam o
lago dos meus olhos.
Maria do Rosário Pedreira
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