Tuesday, January 13, 2015

Escondo a cara

Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas.
Rosas ascendem do coração trançado
 das madeiras.

 As caudas dos pavões como uma obra astronómica.

E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.

Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.

E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. Os olhos contra
as artes do fogo.

Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.
  

Herberto Helder in Ofício Cantante – Lisboa, Assírio & Alvim 2009 

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