Wednesday, December 30, 2015
Tuesday, December 29, 2015
Coisas leves
Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.
Coisas breves,
leves,
que o vento desfaz.
Como prender-te
em teia tão frágil?
Luísa Dacosta in A Maresia e o Sargaço dos Dias (1927-2015)
Monday, December 28, 2015
Não digas nada
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Fernando Pessoa
Sunday, December 27, 2015
O bom futuro
Quase toda a gente gosta de saber o seu futuro e
paga para isso a astrólogos ou às bruxas. Mas só na ideia de que esse futuro
seja bom. E é o que eles lhes dizem para não fecharem a porta. Mas o negócio
continuaria, ainda que te dissessem que morrerias no dia seguinte. Porque a
morte é a única certeza em que não se acredita. Se fores condenado à forca e
tiveres já a corda ao pescoço, o minuto que faltava seria ainda de vida, ou
seja de eternidade.
Vergílio Ferreira in escrever - Bertrand editora 2001
Saturday, December 26, 2015
Friday, December 25, 2015
Thursday, December 24, 2015
Wednesday, December 23, 2015
Expressão criativa
O pinheiro e tudo o se lhe segue
é um crescendo. As bolas coloridas, os anjinhos, os sinos. Cada um deles exige
uma escolha, um gesto e um acerto que, depende da sensibilidade do momento, sem
necessariamente seguir uma ordem. E, no final, nada mais senão a estrela
cintilante e o seu reflexo dando sentido ao Natal.
Monday, December 21, 2015
Na minha direcção
Quantas pessoas caminham na
minha direcção? Quantas me
descobrem por entre a multidão
e pousam os seus olhos inteiros
nos meus olhos? Podia acreditar
que entre elas está o homem que
trocaria comigo os dedos sobre a
mesa, uma palavra que fosse gomo
de laranja e poema, o corpo aceso
sob o lençol cansado de mais um
dia. Mas quantos destes rostos de
pedra que me cercam escondem o
seu pelas ruas desta tarde? Quantos
nomes de acaso e de silêncio terei
eu de escutar para descobrir o seu
no meu ouvido? Quantas pessoas
caminham contra mim?
Maria do Rosário Pedreira in nenhum nome depois - gótica 2004
Sunday, December 20, 2015
Retrospectiva
Entre as ideias mais abstractas,
o Natal intensificava-lhe os sentimentos que, de certo modo, a transportavam
para outros tempos e outros lugares de relações estabelecidas que agora , mais do que nunca, evocava.
Saturday, December 19, 2015
Thursday, December 17, 2015
Wednesday, December 16, 2015
Tuesday, December 15, 2015
Umas gotas de chuva
É apenas o começo. Só
depois dói,
e se lhe dá nome.
Às vezes chamam-lhe paixão. Que pode
acontecer da maneira mais simples:
umas gotas de chuva no cabelo.
Aproximas a mão, os dedos
desatam a arder inesperadamente,
recuas de medo. Aqueles cabelos,
as suas gotas de água são o começo,
apenas o começo. Antes
do fim terás de pegar no fogo
e fazeres do inverno
a mais ardente de todas as estações.
Eugénio de Andrade
Monday, December 14, 2015
Sunday, December 13, 2015
Saturday, December 12, 2015
Então, e que fazer amanhã?
o que vamos fazer amanhã
neste caso de amor desesperado?
ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?
amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?
o que vamos fazer amanhã
que não seja um ajuste de contas?
o que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?
numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fuzilem
o teu corpo talvez seja meu,
mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?
Vasco Graça Moura
Friday, December 11, 2015
Senão pensar
"Amar é pensar.
E eu quase que me
esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que
quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande
distracção animada.
Quando desejo
encontrá-la
Quase que prefiro não
a encontrar,
Para não ter que a
deixar depois.
Não sei bem o que
quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a
ninguém, nem a ela, senão pensar."
Alberto Caeiro
Thursday, December 10, 2015
Wednesday, December 9, 2015
No meu jardim
e quando penso
não em ti
mas em tudo
sofro
Dantes
eu vivia só
agora vivo rodeada de palavras
que eu cultivo
no meu jardim de penas
Eu
sigo-as
e elas seguem-me:
são o exigente cortejo
que me persegue
Em
toda a parte
ouço seu imenso clamor
Ana Hatherly
Ana Hatherly
Tuesday, December 8, 2015
Monday, December 7, 2015
Sunday, December 6, 2015
Saturday, December 5, 2015
O amargo beijo
Acordo com o teu nome nos
meus lábios — amargo beijo
esse que o tempo dá sem
aviso a quem não esquece.
Maria do Rosário Pedreira
Friday, December 4, 2015
Thursday, December 3, 2015
Wednesday, December 2, 2015
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