Sunday, January 31, 2016
Friday, January 29, 2016
Thursday, January 28, 2016
Wednesday, January 27, 2016
Natureza
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!
Florbela Espanca
Tuesday, January 26, 2016
Contigo
Ah, poder falar do teu corpo. Perder o pé da realidade.
Fechar à volta uma cortina para que nada de ti me fugisse e ficar eu só diante
de ti. Sinto agora alguém dentro de mim a perguntar e depois? que é que
aconteceu? Sei lá o que aconteceu, quero lá saber. Quero é estar contigo no
nada do tudo o que acontecer. Saturar-me da tua presença. E ver-te. E ver-te.
Que importa o que «acontece»?”
Vergílio Ferreira in Em Nome da Terra
Monday, January 25, 2016
Sunday, January 24, 2016
Saturday, January 23, 2016
Friday, January 22, 2016
Thursday, January 21, 2016
Wednesday, January 20, 2016
Tuesday, January 19, 2016
As minhas mãos traziam
Lembro-me da música dos lugares a oeste
dos planos para esse reino amado
que pretendemos tanto tomar de assalto
antes dos brados do fogo
Mas as minhas mãos traziam já
uma sina mais escura, nem a noite
Qualquer penumbra serviu
ao meu coração oculto
a miséria do inverno
o treino dos falcões nas escarpas
a glória iludida
em que se consumiu o tempo
José Tolentino Mendonça in A noite abre meus olhos
Monday, January 18, 2016
Sunday, January 17, 2016
Friday, January 15, 2016
Thursday, January 14, 2016
Wednesday, January 13, 2016
Todos os dias
Tudo parece
surgir do abstracto, começando pela magia duma máquina fotográfica que, capta muitas das imagens. Sem propósitos definidos e sem obrigatoriedade para
cumprir, mais adiante revisita memórias num regresso ao que fomos e para além
da criatividade ou da ficção, vai, num momento ou outro, galgando fronteiras. E
já lá vão 8 anos.
Tuesday, January 12, 2016
Monday, January 11, 2016
O irrepetível
Chegou-nos de um outro
lugar e de um outro tempo tornando-se numa referência e inspiração para toda
uma geração. Através de uma imagem ousada e inimitável sempre se soube reinventar. David Bowie foi um criativo até final e a sua música continuará connosco eternamente.
Sunday, January 10, 2016
Saturday, January 9, 2016
O lado de Nietzsche
O lado mais claramente compreensível da linguagem não é a palavra em si, mas a sonoridade, a intensidade, a modulação, o ritmo com que as palavras encadeadas são pronunciadas - em resumo, a música por detrás das palavras, a paixão por detrás desta música, a pessoa por detrás dessa paixão: tudo aquilo, portanto, que não pode ser escrito. Por isso, a escrita nunca nos levará muito longe.
Nietzsche
Thursday, January 7, 2016
Wednesday, January 6, 2016
Tuesday, January 5, 2016
Um canteiro de flores vivas
Se eu fosse para a terra do
nunca,
teria tudo o que quisesse numa cama de nada:
os sonhos que ninguém teve quando
o sol se punha de manhã;
a rapariga que cantava num canteiro
de flores vivas;
a água que sabia a vinho na boca
de todos os bêbedos.
Iria de bicicleta sem ter de pedalar,
numa estrada de nuvens.
E quando chegasse ao céu pisaria
as estrelas caídas num chão de nebulosas.
A terra do nunca é onde nunca
chegaria se eu fosse para a terra do nunca.
E é por isso que a apanho do chão,
e a meto em sacos de terra do nunca.
Um dia, quando alguém me pedir a terra do nunca,
despejarei todos os sacos à sua porta.
E a rapariga que cantava sairá da terra
com um canteiro de flores vivas.
E os bêbedos encherão os copos
com a água que sabia a vinho.
Na terra do nunca, com o sol a pôr-se
quando nasce o dia.
Nuno Júdice
Monday, January 4, 2016
Um ensaio
Sem desviar um passo, e em pleno
rodopio, frenética dá voltas, umas a seguir às outras, e perde-se no ano que
partiu. Um novo impulso sem destino transporta-a, desalmada, para a intraduzibilidade
de uma renovação.
Sunday, January 3, 2016
Quem se assenta à nossa mesa?
A palavra erguia-se como um candelabro,
a voz ardia como um inesperado campo de giestas.
E nós sustínhamos em nossos dois ombros o fulgor
e a tristeza divina. Quando os arbustos
eram bichos iluminando as regiões do céu e ao rés
da terra as pedras cantavam e os mitos davam
a forma das coisas.
Quando colhíamos o espanto nas mãos dolorosas
e em frente ao povo íamos cantando
a fábula e o próprio rosto do milagre.
Quem se assenta à nossa mesa? — dizíamos. — Quem
sobre a mesa coloca um beijo sem peso e sem mácula?
Nada existe que não seja inocente, e o hálito
perpassa à flor dos lábios,
a força da memória deu a alma ao vinho e o imponderável
ao primeiro sorriso. Toda a casa
acaba a noite, cria a auréola
em torno do objecto, enche cada instante
de um poder obscuro.
A delicada taça partia-se nas mãos — sangue:
um sinal, um símbolo. E cantar
era conceber uma estrela, um testemunho da mais alta
loucura. Cantar era uma razão
de morte e de alegria.
Desfaziam-se as pálpebras na jovem carne, na esfera
da luz, ou na ressonância e volúpia
do tempo. E a mão procurava o punhal,
a boca beijava a laje nua. Do braço divino
sumia-se o fogo e o archote corria sobre as águas
ou no coração da sementeira.
E era então o fogo aquilo a que o beijo,
em sua graça, firmemente aspirava.
Nenhuma vida tanto se gastou
que não seja visitada, nenhum deus
é tão grande que se não perca na substância
da sombra. — Uma flor e um grito,
um copo e um breve minuto, ou a aurora
cortando o peito, ou o primeiro respirar
de um pensamento.
Cantar onde a mão nos tocou,
o ombro se acendeu, onde se abriu o desejo.
Cantar na mesa, na árvore
sorvida pelo êxtase.
Cantar sobre o corpo da morte, pedra
a pedra, chama a chama — erguido,
amado,
aprendido.
Herberto Helder in poesia toda - assírio & alvim 1996
Saturday, January 2, 2016
Friday, January 1, 2016
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