Só quem procura sabe
como há dias
de imensa paz deserta;
pelas ruas
a luz perpassa
dividida em duas:
a luz que pousa nas
paredes frias,
outra que oscila
desenhando estrias
nos corpos ascendentes
como luas
suspensas, vagas,
deslizantes, nuas,
alheias, recortadas e
sombrias.
E nada coexiste.
Nenhum gesto
a um gesto
corresponde; olhar nenhum
perfura a placidez,
como de incesto,
de procurar em vão; em
vão desponta
a solidão sem fim, sem
nome algum -
- que mesmo o que se
encontra não se encontra.
Jorge de Sena in Post-Scriptum
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