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Friday, August 5, 2016

As serras paradas

A vida é feita de nadas:
 De grandes serras paradas
 À espera de movimento;
 De searas onduladas
 Pelo vento;

De casas de moradia
 Caídas e com sinais
 De ninhos que outrora havia
 Nos beirais;

De poeira;
 De sombra de uma figueira;
 De ver esta maravilha:
 Meu pai a erguer uma videira
 Como uma mãe que faz a trança à filha.

Miguel Torga


Tuesday, August 11, 2015

Plantado

Quanto mais longe vou, mais perto fico
 De ti, berço infeliz onde nasci.
 Tudo o que tenho, o tenho aqui
 Plantado.
 O coração e os pés, e as horas que vivi,
 Ainda não sei se livre ou condenado.
  
Miguel Torga in diário XII

Saturday, March 21, 2015

Depois do inverno

Depois do Inverno,
 morte figurada,
 A primavera,
 uma assunção de flores.
 A vida
 Renascida
 E celebrada
 Num festival de pétalas e cores.


Miguel Torgana maior solidão,
sem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!

Friday, April 25, 2014

A liberdade dos passos

Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.


Miguel Torga

Friday, August 17, 2012

Indignados


É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia
inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa
disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente,
uma colectividade pacífica de revoltados.

Miguel Torga in Diário IX -  Chaves, 17 de Setembro 1961