Friday, November 14, 2008

O palácio perdido


Há tempos que estava para lá ir, e aproveitando a visita dum casal estrangeiro amigo, pensei que seria uma óptima oportunidade para não adiar um antigo desejo. Assim, na véspera de lá nos deslocarmos, propus-me estudar a lição, imaginando antecipadamente o brilharete que iria fazer no dia seguinte. Da minha pesquisa fiquei a saber que apenas distava de Faro 10 km, e que o palácio de fins do sec. XVIII, em estilo rococó, teria em tempos pertencido ao Visconde de Estói, numa área de cerca de 4 hectares. Exigente comigo própria, e não me satisfazendo somente com uma breve consulta, recorri ainda à Elisa, conhecedora da sua região como ninguém, que me terá aconselhado nos últimos pormenores. Afinal nada poderia falhar. Porém, logo à entrada demos de caras com um cartaz que nos impedia a entrada, informando que ao contrário do previsto as obras prolongar-se-iam até final de Agosto!? Isto nada teria de caricato, se não se tivesse passado a meio do passado mês de Outubro!
Aliás não estávamos a contar visitar o palácio, que de antemão sabíamos encontrar-se em obras de recuperação. Dos espelhos e estuques marmoreados do seu interior, a lembrar Versalhes, teríamos já prescindido vislumbrar, mas dos exuberantes jardins com plantas exóticas seculares, e aparentemente de um monumental cipreste já lamentamos, assim como dos vários lagos, estátuas importadas de Itália de valor incalculável, e dos azulejos azuis e brancos, pelos quais pessoalmente sou absolutamente apaixonada.
No entanto estou em crer, que uma vez terminado o restauro, por parte da unidade hoteleira privada que o adquiriu, dificilmente o público voltará a ter acesso a este complexo arquitectónico, único nesta zona do país. Mesmo assim, com alguma dificuldade, consegui captar uma pequena amostra de fotos, que me ficará na memória, e permanecerá para a posteridade. De regresso a casa valeu-nos um arroz de peixe, macio, enriquecido de camarões, servido muito quente e polvilhado de coentros, a lembrar o último risotto que apreciei em Roma - qual experiência gustativa, acompanhado de um bom vinho alentejano, claro está!

Thursday, November 13, 2008

Lacuna

O homem não deve poder ver a sua própria cara. Isso é o que há de mais terrível. A natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim como de não poder fitar os seus próprios olhos.
Só na água dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura, mesmo, que tinha de tomar, era simbólica. Tinha de se curvar, de se baixar para cometer a ignomínia de se ver.
O criador do espelho envenenou a alma humana.
Bernardo Soares

Tuesday, November 11, 2008

Monday, November 10, 2008

Terra à vista

Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar!
Ouvide agora, senhores,
Uma história de pasmar.
Passava mais de ano e dia
Que iam na volta do mar,
Já não tinham que comer,
Já não tinham que manjar.
Deitaram sola de molho
Para o outro dia jantar;
Mas a sola era tão rija,
Que a não puderam tragar.
Deitaram sortes à ventura
Qual se havia de matar;
Logo foi cair a sorte
No capitão general.
- "Sobe, sobe, marujinho,
Àquele mastro real,
Vê se vês terras de Espanha,
As praias de Portugal!"
- "Não vejo terras de Espanha,
Nem praias de Portugal;
Vejo sete espadas nuas
Que estão para te matar."
- "Acima, acima, gageiro,
Acima ao tope real!
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal!"
- "Alvíssaras, capitão,
Meu capitão general!
Já vejo terras de Espanha,
Areias de Portugal!
Mais enxergo três meninas,
Debaixo de um laranjal:
Uma sentada a coser,
Outra na roca a fiar,
A mais formosa de todas
Está no meio a chorar."
- "Todas três são minhas filhas,
Oh! quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo a hei-de casar."
- "A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar."
- "Dar-te-ei tanto dinheiro
Que o não possas contar."
- "Não quero o vosso dinheiro
Pois vos custou a ganhar."
- "Dou-te o meu cavalo branco,
Que nunca houve outro igual."
- "Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar."
- "Dar-te-ei a Nau Catrineta,
Para nela navegar."
- "Não quero a Nau Catrineta,
Que a não sei governar."
- "Que queres tu, meu gageiro,
Que alvíssaras te hei-de dar?"
- "Capitão, quero a tua alma,
Para comigo a levar!"
- "Renego de ti, demónio,
Que me estavas a tentar!
A minha alma é só de Deus;
O corpo dou eu ao mar."
Tomou-o um anjo nos braços,
Não no deixou afogar.
Deu um estouro o demónio,
Acalmaram vento e mar;
E à noite a Nau Catrineta
Estava em terra a varar.
Adaptação de Almeida Garrett

Friday, November 7, 2008

Em voz alta


Sem mais caber nos livros, eis que a sua poesia cristalina, exacta, e precisa, como se de geometria se tratasse, transborda pela voz de Afonso Dias – o anfitrião da noite, que guia toda uma plateia repleta de jovens, e menos jovens, na trajectória de toda uma existência.
Sophia de Mello Breyner Andresen encontra a essência da vida nas coisas mais pequenas, e sensível à realidade, empenha-se no combate desigual com feroz sarcasmo, projectando todo o seu sentido nos outros. O contacto real com a Grécia e o mar, que ela própria representa, constituem a compreensão da sua inspiração, que em voz alta evocámos apaixonadamente, num serão poético na Biblioteca Municipal.

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.

Inscrição de Sophia de Mello Breyner Andresen

Thursday, November 6, 2008

Talvez

Deus – talvez esteja aqui, neste
pedaço de mim e de ti, ou naquilo que,
de ti, em mim ficou.

Nuno Júdice

Wednesday, November 5, 2008

A dimensão do olhar

Logo a abrir, apareces-me pousada sobre o Tejo como uma cidade de navegar. Não me admiro: sempre que me sinto em alturas de abranger o mundo, no pico dum miradouro ou sentado numa nuvem, vejo-te em cidade-nave, barca com ruas e jardins por dentro, e até a brisa que corre me sabe a sal.
Há ondas de mar aberto desenhadas nas tuas calçadas: há âncoras, há sereias. (…)
Em frente é o rio que corre para os meridianos do paraíso. O tal Tejo de que falam os cronistas enlouquecidos, povoando-os de tritões a cavalo de golfinhos.

José Cardoso Pires

Tuesday, November 4, 2008

A lógica dele

… Uma manhã apareci com uma flor para minha professora. Ela ficou muito
emocionada e disse que eu era um cavalheiro.
… E todos os dias fui tomando gosto pelas aulas e me aplicando cada vez mais.
Nunca viera uma queixa contra mim de lá.
… A escola. A flor. A flor. A escola…
Tudo ia muito bem quando Godofredo entrou na minha aula. Pediu licença e foi falar com D. Cecília Paim. Só sei que ele apontou a flor no copo. Depois saiu. Ela olhou para mim com tristeza. Quando terminou a aula, me chamou.
- Quero falar uma coisa com você, Zezé. Espere um pouco.
Ficou arrumando a bolsa que não acabava mais. Se via que não estava com vontade nenhuma de me falar e procurava coragem entre as coisas. Afinal se decidiu.
- Godofredo me contou uma coisa muito feia de você, Zezé. É verdade?
Balancei a cabeça, afirmativamente.
- Da flor? É, sim senhora.
- Como é que você faz? - Levanto mais cedo e passo no jardim da casa do Serginho. Quando o portão está só encostado, eu entro depressa e roubo uma flor. Mas lá tem tanta que nem faz falta.
- Sim, mas isso não é direito. Você não deve fazer mais isso. Isso não é um roubo, mas já é um “furtinho”.
- Não é não, D. Cecília. O mundo não é de Deus? Tudo que tem no mundo não é de Deus? Então as flores são de Deus também…
Ela ficou espantada com a minha lógica.
- Só assim que eu podia, professora. Lá em casa não tem jardim. Flor custa dinheiro…
E eu não queria que a mesa da senhora ficasse sempre de copo vazio.

José Mauro de Vasconcelos

Sunday, November 2, 2008

Em contramão

Ela desce a avenida, eu subo-a. As nossas vidas distintas tocam-se apenas nesse instante em que ela vem e eu estou indo. Solitários ambos, caminhando os dois no princípio da manhã, procurando preencher o vazio dos domingos em que nada acontece no profundo e matinal silêncio. A vida dela descendo a avenida, a minha subindo. As nossas solidões em contra-mão.

Manuel Jorge Marmelo

Friday, October 31, 2008

Feitiços nocturnos

Elas andam à solta, nesta sexta-feira diabólica, pelo menos no nosso imaginário. Vários são os mitos, acreditando-se que em noite de lua cheia, nos cheguem de vassouras voadoras, dando início à época de magia e rituais mais ocultos. Originalmente comemorado nos países anglo-saxónicos, o dia das bruxas depressa ganhou adeptos por todo o lado, quando crianças usando máscaras, saem pelas ruas pedindo doces, de porta em porta. Trick or treat? Talvez um creme de abóbora obrigada.

Thursday, October 30, 2008

Virar a página

Com o mundo farto de transitoriedade, eis que ele aí está, prestes a chegar. No combate ideológico, de uma eleição quase universal, definitivamente ele representa a mudança de paradigma. E quando a falta de esperança não nos deixa melhorar, é preciso escutar-lhe a voz, e o empolgamento do discurso, com a promessa de um sonho, rumo à presidência. Irresistivelmente Obama!

Wednesday, October 29, 2008

Fazes-me falta

Em nome da tua ausência
Construí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei

In the name of your absence
I built with madness a large white house
And wept all along its walls for you



Sophia de Mello Breyner Andresen
Translated by Richard Zenith

Monday, October 27, 2008

A magia das palavras


Não contei, mas ao todo deviam andar à volta duns 40, a rondar os 10, ou 11 anos de idade. Sensível à sonoridade das palavras, sorvia-as de cada uma daquelas crianças, uma a uma até final. Os primeiros a apresentar-se foram o Fábio e a Francesca, que leram parte de um conto por eles escrito o ano passado. Seguiram-se-lhes o Gonçalo, a Laura, o Tomás e tantos outros. Num momento em que por vezes, a língua tende a descaracterizar-se, de uma forma ordenada e exemplar, cada um através de pequenos textos ou poemas, veio dar corpo à própria imaginação, num exercício criativo absolutamente de louvar. No dia escolar das bibliotecas, estão de parabéns o professor Joaquim Veiga, e as professoras de Língua Portuguesa Marta Cirne e Isabel Pina, da Escola Dr. Francisco Cabrita, que contribuíram para o êxito desta iniciativa, da qual adorei participar. Termino com o registo do pequeno Raphael, que não deixou ninguém indiferente:

Vejo uma sombra que trespassa nos meus olhos e ao passar
sinto dor e mágoa dentro de mim.
Essa dor lembra-me o sofrimento
a mágoa faz-me lembrar quando
uma pessoa que gostamos muito desaparece.
Ao lembrar-me dessas coisas, vou
escrevendo palavra a palavra o
que sinto quando isso me acontece.
Mas, se um dia me lembrar de
outras coisas, possa ser que volte
a escrever, mas desta vez
a pensar nas coisas que me fazem
escrever com a minha sombra.

Sunday, October 26, 2008

O almoço

Já estava marcado há algum tempo, e nenhuma falhou. À volta da mesa entre uma salada de alface e romãs, com molho de iogurte, e uma nutritiva pasta de courgettes, abordámos o quotidiano e as derrocadas da vida, os colapsos emocionais e as dificuldades afectivas, a juventude perdida e o momento que vivemos. Voltamos a levantar-nos, e dirigindo-nos ao buffet, desta feita experimentamos um menu diferente – uma fatia de tarte de legumes, e uns pastelinhos, que tento adivinhar de que são, acompanhados de grão-de-bico, e de um esparguete fininho com leguminosas. Afinal todas as estatísticas indicam que seguindo uma dieta vegetariana, as incidências de doenças cardíacas, cancro e osteoporose são bastante mais reduzidas. A densidade dos nossos dias volta de novo à baila. Continuando a concentrar-nos nos afectos, falamos do que sentimos uns pelos outros, na incomunicabilidade de sentimentos, na natureza moral, e na intuição. De costas voltadas para o passado dizemos o que queremos para nós agora, e de toda uma carga dramática de que por vezes se revestem as nossas anónimas existências. Gelatina de laranja e um café fecham a sessão. Entretanto a Lena seguiu para um lanche de aniversário em família, e a Lurdes e eu ainda fomos assistir a um teatrinho infantil intitulado «O esqueleto do cozinheiro Akli» na Biblioteca Municipal, antes de regressarmos cada uma a suas casas. O que se nos escapou, o que sabemos, e o que nos transcende servirá de pretexto para um outro encontro, a realizar-se em breve entre as três.

Saturday, October 25, 2008

Convicções

A maior certeza que tem hoje:
A de que estamos no mundo
Por empréstimo.
Mas não por acaso.



David Mourão-Ferreira

Thursday, October 23, 2008

O enigma

Na passada segunda-feira recebi um sms, da parte de uma jovem, que fornecendo-me o nome da sua mãe, me desafiava para o jantar surpresa do seu 50º aniversário, num determinado restaurante, no dia x, a umas tantas horas! Sem saber de quem se tratava julguei que fosse engano, e nunca mais voltei a pensar no assunto, até que esta manhã voltei a receber nova mensagem. Desta vez a iniciativa partia dum filho da dita senhora, sugerindo que em vez de lhe levar um presente, contribuísse com 10 euros para que a mãe usufruísse de uma tarde de lazer num revitalizante spa!? Why not? Confesso que à segunda tentativa comecei a achar estranho, pois nenhum dos nomes até aí apontados me seria familiar. Julgando que o meu número de telemóvel pudesse ter sido confundido com o de outra pessoa, essa sim a verdadeira amiga da aniversariante, resolvi responder! Qual não foi o meu espanto quando o meu nome com o apelido de solteira me foi devolvido, seguido de um ponto de interrogação!? A partir daí eliminei qualquer conhecimento dos últimos 27 anos, quando passei a residir no Algarve. Foi então que optei por procurar no Google o tal restaurante, para ao menos ficar com uma ideia onde se situava. E voilà, em menos de 2 segundos já sabia que o mesmo se encontrava em Lisboa, na zona de Santos, com vista para o rio, e que servia sushi! De pista em pista, daí até chegar à pessoa em questão foi um passo, pois o círculo tornou-se muito mais restrito. Tudo isto para provar o quão imprescindível se tornou esta nova tecnologia, da qual pessoalmente dificilmente prescindiria. Quanto à festa de anos, infelizmente outros compromissos levam-me a não estar presente. Contudo, não pude deixar de recordar um outro jantar, também de sushi, apenas há uns meses atrás, na companhia da minha filha, não à beira Tejo, mas do Mississípi, em pleno inverno, embora em amena temperatura, quando de repente, voltei a sentir saudades dela.

Tuesday, October 21, 2008

Directo de Fátima


A primeira vez que por lá passei, não tinha mais que uma meia dúzia de anos. Aliás, de vez em quando volto lá, e ontem não foi excepção. Há quem acredite, quem pense que tudo não passa de um mito, ou de uma invenção, ou até quem creia tratar-se de um daqueles fantásticos episódios com óvnis (!?), mas para mim o que realmente importa é a tranquilidade e energia que recolho de cada vez que a visito. Inserida num grupo maioritário irlandês, num só dia percorremos 780 km numa totalidade de 13 horas, apenas com breves paragens para esticar as pernas, e confortar o estômago. No regresso, de olhos semi-cerrados pelo cansaço e pelo exercício de interiorização, não pude deixar de pensar na metamorfose de Fátima, desde os finais da década de 50, quando a conheci, até aos dias de hoje, com a nova basílica a impressionar qualquer um! Se de repente lá me desvendassem os olhos, sem saber onde me encontrava, a primeira ideia que me viria à cabeça para identificar o lugar, seria de imediato as Nações Unidas, tal qual como a imagino em dimensão!? Depois veio-me à lembrança um comentário de um jovem brasileiro residente em Belfast, que me confidenciou ter-lhe agradado mais a pequena localidade onde os pastorinhos tinham vivido – simples, humilde, parada no tempo! Para mim essa é a inalterada imagem que me permanece no espírito, e aquela que o excessivo comércio, e a opulência não me induziram em erro, nem me desviaram da genuína mensagem de Fátima, que muitos nunca chegarão a entender ou alcançar.

Monday, October 20, 2008

Projectando

Sei que estou vivo e cresço sobre a terra.
não porque tenha mais poder,
nem mais saber, nem mais haver.
Como lábio que suplica outro lábio,
como pequena e branca chama de silêncio,
como sopro obscuro do primeiro crepúsculo,
sei que estou vivo,
vivo sobre o teu peito,
sobre os teus flancos,
e cresço para ti.



Eugénio de Andrade

Saturday, October 18, 2008

Mais perto do céu

Este foi o primeiro encontro, dum ciclo de conversas e partilha de diferentes informações, da iniciativa de Nicole Bertemes, na Biblioteca Municipal. Ninguém tem dúvidas que tudo se encontra em permanente mutação, e que nada acontece meramente por acaso. Pelo contrário, cada facto terá a sua razão de ser. Numa altura em que a Terra se encontra à beira da rotura, torna-se imprescindível aprender a transformar o egoísmo, e tantas outras energias negativas, tornando-nos receptivos à abertura das nossas próprias consciências. Afinal o propósito de todos é um dia alcançar a eternidade. Na caminhada até lá, e antes de vislumbrarmos a pureza absoluta, precisamos de abraçar o amor incondicional, amando-nos a nós próprios, e num segundo passo a todos os outros, de forma igualitária, destituída de condições. Na maior parte dos casos o ser humano vive de aparências, olhando para o exterior, em vez de para dentro. Passamos metade da vida a culpabilizar os outros, sem nunca nos responsabilizarmos, mentindo conscientemente para não os magoarmos, quando a mentira acaba por atrair mais mentiras, e nos ferir. Vivemos o ano inteiro mascarados, funcionando numa espécie de falsa sociedade, acabando por consentir que a mesma nos molde a consciência. Onde está a nossa transparência? Uma vez por todas escutemos o coração – voz das nossas almas, vivendo as experiências do dia a dia, sem sentimentos de culpa. Dispamo-nos do supérfluo, vivendo tão-somente com o essencial. Só assim evoluiremos melhor e mais depressa, sem bloqueios e tanto sofrimento, criando uma nova realidade, inspirados pela nossa essência divina, onde a mulher flui em seu papel libertador.

Friday, October 17, 2008

Folhas ao vento

Uns dizem que sem esperança a vida é impossível, outros que com esperança é vazia. Para mim, que hoje não espero nem desespero, ela é um simples quadro externo, que me inclui a mim, e a que assisto como um espectáculo sem enredo, feito só para divertir os olhos – bailado sem nexo, mexer de folhas ao vento, nuvens em que a luz do sol muda de cores, arruamentos antigos, ao acaso, em pontos desconformes da cidade.