Deus não lhe merece maiúsculas, e perante o sofrimento humano causa-lhe toda a revolta. Neste romance satírico o divino provoca-lhe até uma visão irónica da criação. Saramago volta a fazer em «Caim» uma crítica leitura da Bíblia, cujos textos têm suscitado ao longo dos tempos as mais variadas interpretações. Com a finalidade de procurar um sentido para a sua escrita a partir desta história da humanidade, a Biblioteca Municipal Lídia Jorge convidou a Dra. Carina Infante do Carmo - Professora Doutora da Faculdade das Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, no âmbito do seu 6º ciclo de leituras, a dois dias de se comemorar o 1º aniversário da morte de José Saramago. E, como é sua prática, uma vez mais encontramos aqui como que uma reorganização de episódios que, o autor transfere dos textos bíblicos para a contemporaneidade, ao serviço da narrativa que dinamiza o discurso e interpela o leitor. A visibilidade e a projecção da obra de Saramago, tal como a sua importância como humanista, são inequívocas e vão muito para além da sua qualidade literária.
Thursday, June 16, 2011
Sunday, June 12, 2011
Nesta data querida
Saturday, June 11, 2011
Imprevisto
Monday, June 6, 2011
O amanhecer
Sunday, June 5, 2011
Movimento verde
Fechar a torneira enquanto lavamos os dentes, ou nos ensaboamos no duche, evitar abrir constantemente o frigorífico, separar as embalagens pelos ecopontos, e dar preferência às lâmpadas económicas, são pequenos gestos do dia-a-dia com efeito à nossa volta. Este é, verdadeiramente, o nosso papel na protecção do planeta. E, porque tudo o que se fizer será pouco, ao adoptarmos tecnologias limpas e agirmos em conjunto utilizamos os recursos de uma forma muito mais sensata, preservando a natureza e respeitando a Terra viva.
Saturday, June 4, 2011
Friday, June 3, 2011
Um olhar de fora

E, porque dizer a verdade é perigoso, foge-se da chuva e fica-se pela aproximação. Neste combate à liderança houve menos cartazes e menos conteúdo. Com alguma energia que resta mobilizável, mas sem interiorização da realidade, apenas a batalha verbal e questões secundárias vieram ao de cima. A solução que vai ser construída perdeu-se numa campanha igual a todas as outras.
… Oh! Se eu soubesse que o Inferno
não era como os padres mo diziam:
uma fornalha de nunca se morrer...
mas sim um Jardim da Europa
à beira-mar plantado...
A Cena do Ódio de Almada Negreiros
… Oh! Se eu soubesse que o Inferno
não era como os padres mo diziam:
uma fornalha de nunca se morrer...
mas sim um Jardim da Europa
à beira-mar plantado...
A Cena do Ódio de Almada Negreiros
Wednesday, June 1, 2011
Durante a Primavera

Não sei como dizer-te que a minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e casta.
Não sei o que dizer, especialmente quando os teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e tu estremeces como um pensamento chegado. Quando
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima,
– eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
o coração é uma semente inventada
em seu ascético escuro e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a minha casa ardesse pousada na noite.
– E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes caem no meio do tempo,
– não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço –
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra vai cair da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me falta
um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
Não sei como dizer de Herberto Helder
Sunday, May 29, 2011
O poder de introverter
No nosso papel de eternos viajantes percorremos muitas vidas. E, nos tempos que correm, perdemos frequentemente a consciência, cada vez mais distantes do eu e das qualidades inatas, encontrando-nos no limiar da zona mais escura. É preciso que através do silêncio interior procuremos pensamentos direccionados para o alto, para um nível de percepção mais elevado de regresso ao lugar de onde viemos – a fonte de energia suprema, fora da órbita terrestre, atravessando outras dimensões de luz, e para além do sol, onde o universo dança de alegria.
Saturday, May 28, 2011
A história recontada
Sem discurso directo e sem parágrafos, ele autonomiza-se, imiscuindo-se na história de ficção, onde a própria verdade dos factos é questionada, ao mesmo tempo que sustenta toda a responsabilidade. Ele é José Saramago, que através do seu livro «História do Cerco de Lisboa» nos surge numa análise mais elevada pelo olhar da professora Drª. Ana Soares da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais do Algarve, na 2ª sessão do ciclo de leituras, organizada pela Biblioteca Municipal Lídia Jorge. Colocando a sua genialidade ao serviço de uma terceira pessoa, o autor reconta-nos um encadeamento paralelo de situações, onde as personagens representam um pouco de todos nós, adoptando ele próprio a fusão de funções e atitudes, através da figura dum revisor de textos que, posteriormente, passa a escritor, e cujos discursos acabam por se confundir. Um encontro que serviu de reflexão para melhor entendermos o que assumidamente levou Saramago a desconstruir a história através da liberdade criativa que marca a sua identidade literária.
Thursday, May 26, 2011
À espera de ver mais
Tuesday, May 24, 2011
A curva da estrada
Talvez o que mais intensamente buscamos
o larguemos em seguida
num alheamento maior do que é habitual
o amor, o fio de aço, a curva sussurrante
que não conseguimos
Poisamos furtivamente
no rebordo de outros mundos
em comovente descoberta
com milhões de pontos de fino bordado
que se movem e resvalam
indiferentes à crueldade
Suite de José Tolentino Mendonça, in "O viajante sem sono"Assírio & Alvim
o larguemos em seguida
num alheamento maior do que é habitual
o amor, o fio de aço, a curva sussurrante
que não conseguimos
Poisamos furtivamente
no rebordo de outros mundos
em comovente descoberta
com milhões de pontos de fino bordado
que se movem e resvalam
indiferentes à crueldade
Suite de José Tolentino Mendonça, in "O viajante sem sono"Assírio & Alvim
Thursday, May 19, 2011
Wednesday, May 18, 2011
Roteiros
Localizada no Parque da Ria Formosa, a Quinta do Lago oferece paisagens de verdadeira beleza natural, numa atmosfera de grande tranquilidade, perto do mar e com alguns dos melhores campos de golfe da Europa. Na Buganvilia Plaza lojas sofisticadas, bares e restaurantes animam um universo de luxo e elegância.
Sunday, May 15, 2011
Parabéns a você
Foi em ambiente descontraído e de convívio que se protagonizou mais um aniversário de Fátima Ribeiro, que voltou a abrir as portas de sua casa a alguns familiares, e às amigas de sempre. Um encontro de elegância e boa disposição que, teve início num coquetel seguido de um lanche, onde não faltou o bolo com velas numa tarde de emoções.
Friday, May 13, 2011
Saudade
Poesia, saudade da prosa;
escrevia «tu», escrevia «rosa»;
mas nada me pertencia,
nem o mundo lá fora
nem a memória,
o que ignorava ou o que sabia.
E se regressava
pelo mesmo caminho
não encontrava
escrevia «tu», escrevia «rosa»;
mas nada me pertencia,
nem o mundo lá fora
nem a memória,
o que ignorava ou o que sabia.
E se regressava
pelo mesmo caminho
não encontrava
senão palavras
e lugares vazios:
símbolos, metáforas,
e lugares vazios:
símbolos, metáforas,
o rio não era o rio
nem corria e a própria morte
era um problema de estilo.
nem corria e a própria morte
era um problema de estilo.
Onde é que eu já lera
o que sentia, até a
minha alheia melancolia?
Manuel António Pina - Saudade da Prosa
o que sentia, até a
minha alheia melancolia?
Manuel António Pina - Saudade da Prosa
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