Saturday, July 16, 2016
Friday, July 15, 2016
Thursday, July 14, 2016
O urdir do tempo
Ela é a fonte. Eu posso saber que é
a grande fonte
em que todos pensaram. Quando no campo
se procurava o trevo, ou em silêncio
se esperava a noite,
ou se ouvia algures na paz da terra
o urdir do tempo
cada um pensava na fonte. Era um manar
secreto e pacífico.
Uma coisa milagrosa que acontecia
ocultamente.
Ninguém falava dela, porque
era imensa. Mas todos a sabiam
como a teta. Como o odre.
Algo sorria dentro de nós.
Minhas irmãs faziam-se mulheres
suavemente. Meu pai lia.
Sorria dentro de mim uma aceitação
do trevo, uma descoberta muito casta.
Era a fonte.
Eu amava-a dolorosa e tranquilamente.
A lua formava-se
com uma ponta subtil de ferocidade,
e a maçã tomava um princípio
de esplendor.
Hoje o sexo desenhou-se. O pensamento
perdeu-se e renasceu.
Hoje sei permanentemente que ela
é a fonte.
Herberto Helder
Wednesday, July 13, 2016
Tuesday, July 12, 2016
Monday, July 11, 2016
O mundo inteiro
"Desde que te amo, o mundo inteiro te pertence. Por isso, nunca cheguei a dar- te nada. Apenas devolvi."
Mia Couto
Sunday, July 10, 2016
Friday, July 8, 2016
Thursday, July 7, 2016
Wednesday, July 6, 2016
A nuvem que voa
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal
soa,
A vida é sombra que
foge,
A vida é nuvem que
voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a
neve
E como o fumo se
esvai:
A vida dura num
momento,
Mais leve que o
pensamento,
A vida leva-a o
vento,
A vida é folha que
cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela
cadente,
Voa mais leve que a
ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos
mares,
Uma após outra
lançou,
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale
impelida
A vida o vento levou!
João de Deus
Tuesday, July 5, 2016
Monday, July 4, 2016
O mar largo
Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era
fundo e amargo,
E ao longe as
cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as
suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das
árvores elástica e dura,
Eram as gotas de
sangue da resina
E as folhas em que a
luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas
do vento
Era o livre e luminoso
chamamento
Da asa dos espaços
fugitiva.
Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor
de cada coisa,
A sua quietude, secretamente
viva,
E a sua exalação
afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se
quebra, sobe,
Era o regresso sem fim
e a claridade
Das praias onde a
direito o vento corre.
Sophia de
Mello Breyner Andresen in Paisagem
Sunday, July 3, 2016
Saturday, July 2, 2016
Friday, July 1, 2016
Thursday, June 30, 2016
Monday, June 27, 2016
Sunday, June 26, 2016
Saturday, June 25, 2016
Friday, June 24, 2016
A insatisfação
O Leão pediu ao mágico que lhe desse coragem. O Lenhador de Lata queria um coração. O Espantalho pediu um cérebro e Doroti queria voltar para a quinta de seus tios. O Feiticeiro de Oz prometeu atender ao pedido de todos.
L. Frank Baum in O Feiticeiro de Oz
L. Frank Baum in O Feiticeiro de Oz
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