No mito, Dafne é uma encantadora jovem que gosta de correr pelos bosques, caçando, porém, atrai a atenção do grande deus Apolo, que imediatamente se apaixona por ela. Este persegue-a, tentando convencer a linda ninfa a não fugir, no entanto ela não reage, tornando-se ainda mais aliciante. É como se existisse uma certa atracção em escapar à intimidade, não apenas para quem foge, mas também para quem persegue.
Quando Apolo parece estar prestes a apanhá-la, ela pede ajuda ao pai, Peneu – o deus do rio, e ouvida a sua prece, fora do alcance de Apolo gradualmente se vai metamorfoseando numa frondosa árvore, sublimação da natureza, que se ergue para o céu, ramificando os braços em direcção à pureza e transcendência. A resistência de Dafne - intocável, em segurança dentro da sua casca, e sem ligação ao mundo, surge-nos como a ressurreição da vida vulgar em poesia.
Quando Apolo finalmente a apanha, decide colher as folhas de louro – ramos dessa mesma árvore, que passam a representar uma espécie de celebração após a luta. A sua luxúria acaba por se realizar simbolicamente, em vez de fisicamente. Quanto a Dafne poderá ter escapado a Apolo optando pela fuga como forma de vida, mas não deixa de perder a sua liberdade, ao tornar-se num ser com raízes na terra, e sujeito ao seu clima. Oscilar entre estas duas reivindicações do coração pode por vezes ser um combate frustrante e infindável. Perseguir e fugir, ou ser sensual e casto acabam assim por ser contradições da própria vida.
Quando Apolo parece estar prestes a apanhá-la, ela pede ajuda ao pai, Peneu – o deus do rio, e ouvida a sua prece, fora do alcance de Apolo gradualmente se vai metamorfoseando numa frondosa árvore, sublimação da natureza, que se ergue para o céu, ramificando os braços em direcção à pureza e transcendência. A resistência de Dafne - intocável, em segurança dentro da sua casca, e sem ligação ao mundo, surge-nos como a ressurreição da vida vulgar em poesia.
Quando Apolo finalmente a apanha, decide colher as folhas de louro – ramos dessa mesma árvore, que passam a representar uma espécie de celebração após a luta. A sua luxúria acaba por se realizar simbolicamente, em vez de fisicamente. Quanto a Dafne poderá ter escapado a Apolo optando pela fuga como forma de vida, mas não deixa de perder a sua liberdade, ao tornar-se num ser com raízes na terra, e sujeito ao seu clima. Oscilar entre estas duas reivindicações do coração pode por vezes ser um combate frustrante e infindável. Perseguir e fugir, ou ser sensual e casto acabam assim por ser contradições da própria vida.
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